Governo russo criminaliza cidadãos que rejeitam a guerra
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Horas após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, criticar russos que se opõem à invasão da Ucrânia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que muitos cidadãos estão se mostrando “traidores”, ao citar aqueles que estão demonstrando publicamente descontentamento com o governo. “Em tempos difíceis muitos mostram sua verdadeira essência.
E muitos estão se revelando, como dizemos na Rússia, traidores”, afirmou Peskov a repórteres. Thank you for watching Peskov foi perguntado sobre as falas de Putin, em pronunciamento na quarta-feira, de que a Rússia passaria por uma “autolimpeza” natural e necessária, à medida que as pessoas poderiam “distinguir os verdadeiros patriotas da escória e traidores”.
Segundo Peskov, “essas próprias pessoas somem de nossas vidas. Algumas pessoas deixam seus cargos, outras deixam a vida ativa de trabalho, algumas deixam o país e se mudam para outros países. É assim que a limpeza acontece”.
A repressão contra manifestações de dissidência têm sido dura: desde 24 de fevereiro, início da invasão à Ucrânia, 14.977 pessoas foram presas no país, segundo o grupo de monitoramento OVD-Info. Nesta semana, o caso de Marina Ovsyannikova, uma jornalista da emissora de TV “Channel One Russia”, chamou atenção.
Ela invadiu a transmissão ao vivo do noticiário noturno Vremya na quarta gritando palavras de ordem e segurando um cartaz contra a guerra na Ucrânia, sendo presa em seguida. “Nada de guerra. Acabe com a guerra. Não acredite na propaganda. Eles estão mentindo para você. Russos contra a guerra”, dizia o cartaz da jornalista. Outra jornalista, Lilia Gildeeva, que trabalhava para a emissora desde 2006, deixou a Rússia e escreveu uma carta com pedido de demissão do exterior.
“Primeiro eu saí, eu estava com medo de que eles simplesmente não me deixassem ir, então depois eu escrevi uma declaração”, disse Gildeeva em sua mensagem, que ela enviou nesta quinta ao blogueiro russo Ilya Varlamov. Lilia Gildeeva trabalhava para o canal desde 2006 e no passado sua carreira profissional foi reconhecida pelo próprio presidente russo, Vladimir Putin.