Lula diz que militares desse governo estão lá para bajular Bolsonaro

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Foto: Cléber Mendes/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Em um evento que atraiu cerca de 5 mil pessoas na Concha Acústica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a relação entre o presidente Jair Bolsonaro e os militares, que ocuparam papel de destaque no governo federal neste mandato. Lula afirmou que “Bolsonaro não é dono dos militares” e defendeu que os brasileiros retomem a bandeira nacional como um símbolo, “apoderado” pelo bolsonarismo.

“O Brasil não tem noção do papel dos militares. O papel dos militares não é ficar puxando o saco do Bolsonaro. Porque Bolsonaro não é dono dos militares. Os militares fazem parte de uma instituição do povo brasileiro para defender o povo brasileiro de inimigos externos. Não tem que ficar puxando o saco de presidente, nem de Lula, nem de Bolsonaro, nem de Celso Amorim [ex-ministro da Defesa e das Relações Exteriores nos governos Lula e Dilma]”, disse o petista, no encerramento do encontro internacional promovido pelo Grupo de Puebla, uma espécie de sucedâneo do Foro de São Paulo, reunindo em geral ex-governantes de esquerda.

O presidente Jair Bolsonaro deverá ter o próprio ministro da Defesa, Walter Braga Netto, um general do Exército, como candidato a vice-presidente em sua chapa. O atual vice, Hamilton Mourão, também é general de Exército. Em muitas ocasiões ao longo de seu governo o presidente procurou envolver as Forças Armadas na defesa política de sua gestão. Anteontem, afirmou que o inimigo do Brasil é interno, não externo.

Lula disse que os militares “têm que estar acima das brigas políticas”, sem tomar partido da disputa eleitoral. E que nem o presidente pode achar que as Forças Armadas são uma instituição pessoal, ou de governo, mas sim de Estado.

“Não pode o Bolsonaro ficar dizendo: ‘Ah, os meus militares…’ Ele é tão frágil, tão boçal que, como ele não tem partido politico, como o partido dele, não tem bandeira, como o partido dele não tem música, não tem programa, manifesto, o que ele pegou? Pegou a bandeira brasileira e a camisa da seleção para dizer: ‘Esse é o meu partido’”, disse.

Balançando uma bandeira nacional na mão, Lula conclamou o público a retomar as cores verde e amarelo e reafirmá-la no debate com os adversários políticos. “Vamos dizer para ele que a bandeira brasileira e as cores verde e amarelo não são desse fascista. Ela pertence a 213 milhões de brasileiros. Vamos dizer para eles. Ele se apoderou como se fosse dele?”, disse.

No palco com Lula estavam a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-ministro da Educação e da Casa Civil Aloizio Mercadante, atual presidente da Fundação Perseu Abramo, e o ex-primeiro-ministro espanhol José Luís Rodrigues Zapatero.

Valor Econômico