Marília Arraes se une a Paulinho da Força Sindical
Foto: Reprodução
Após deixar o PT, a deputada federal Marília Arraes oficializou nesta sexta-feira (25) a filiação ao partido Solidariedade. A parlamentar deverá se lançar na disputa para o Governo de Pernambuco, criando um palanque paralelo ao do PSB para o ex-presidente Lula na disputa estadual.
O Solidariedade deverá coligar nacionalmente com o PT, apoiando Lula na disputa presidencial. Na campanha em Pernambuco, Marília deseja explorar a imagem do ex-presidente, com quem ela dividiu diversos atos políticos ao longo de seis anos no PT.
“Apoio Lula incondicionalmente. Não apenas Lula como pessoa, mas como projeto de país e de uma sociedade justa. Lula é uma luta de vida, de uma sociedade democrática e mais justa”, disse Marília.
No ato desta sexta, um cartaz de plano de fundo exibia a imagem de Marília ao lado de Lula, em foto tirada após a reunião entre eles na última segunda-feira (21) em São Paulo. Nesta sexta, Marília disse que “jamais sairia de uma conversa com Lula divulgando” o conteúdo.
O PSB, que tem como pré-candidato ao governo o deputado federal Danilo Cabral, é contra a tese de Lula subir em dois palanques. A tendência é que o ex-presidente só suba no palanque do PSB e que Marília siga apenas declarando voto em Lula.
Em publicação nas redes sociais na quinta, Marília disse que “Lula não é propriedade de ninguém”, rebatendo indiretamente o PSB.
“Engraçado. Em São Paulo pode e em Pernambuco não pode [ter palanque duplo]? Lá Márcio França diz que não abre mão de jeito nenhum e o Haddad é candidato pelo PT. Eles vão ter que engolir, Lula não é propriedade de ninguém”, disse Paulinho da Força, que estava presente no Recife nesta sexta.
Marília também fez críticas ao PSB no ato de filiação desta sexta-feira e relembrou que o partido usou o antipetismo como estratégia eleitoral na campanha de 2020 do Recife quando ela disputou a prefeitura contra João Campos (PSB).
“Em 2016, o PSB fez campanha usando o antipetismo. Em 2018, viraram a chave e lulistas de carteirinha. Em 2020, foi a campanha mais suja que o Recife já viu, com o PSB questionando a minha fé, com fake news. E de repente o PSB virou defensor do PT nacionalmente. Quem vira a chave são eles conforme a ocasião, eu estou com Lula em qualquer hipótese”, disse.
Sobre ter apoiado o impeachment de Dilma Rousseff em 2016 e Aécio Neves na eleição presidencial de 2014, o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, disse que Dilma não tinha bons relacionamentos com a classe política.
Marília Arraes foi contra o impeachment e, em 2014, mesmo à época estando filiada ao PSB votou em Dilma.
“Dilma não tinha boa relação não só comigo, mas com muita gente. Acho que nem com Lula ela tinha boa relação. Inclusive acho que a Dilma tem uma parcela de culpa por Bolsonaro ter chegado ao poder. (…) Mas agora é hora de derrotar o bolsonarismo e a eleição será polarizada entre Lula e Bolsonaro”, disse Paulinho.
Já Marília minimizou as divergências de posicionamento com o seu novo partido em 2014 e 2016.
Aliados de Marília não descartam que Marília possa disputar o Senado em uma aliança com a pré-candidata do PSDB ao Governo de Pernambuco, a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra.
“Acho muito animadora [essa possibilidade] em um estado em que não se via mulheres na política até um tempo atrás. Se a sociedade já cogitou que teria uma aceitação, isso é positivo”, disse Marília, que lidera pesquisas de intenção de voto para o Senado.
Marília Arraes deixou o PT após seis anos. Ela teve uma relação conturbada com o partido nesse período.
Em 2018, Marília se lançou pré-candidata ao Governo de Pernambuco, mas viu a pretensão implodir após a cúpula nacional do PT rifar a sua postulação em troca do PSB não apoiar Ciro Gomes (PDT) na disputa presidencial. No estado, o PT deu apoio a Paulo Câmara (PSB), que foi reeleito no primeiro turno.
Em 2020, o PT de Pernambuco não queria a candidatura de Marília à Prefeitura do Recife, mas a direção nacional fez uma intervenção determinando a postulação. A deputada foi ao segundo turno do pleito contra o seu primo de segundo grau, João Campos, mas saiu derrotada.
No domingo (20), após Marília praticamente selar a saída do PT, o partido decidiu indicar o seu nome como pré-candidata ao Senado Federal nas eleições de 2022.
“Não fui consultada e não autorizei que envolvessem o meu nome em qualquer negociação, menos ainda que tornassem público, como se fossem os senhores do meu destino”, disse Marília no mesmo dia.