Moro e Podemos não conseguiram apoio de nenhum partido até agora

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Foto: Reprodução

Sergio Moro é novato na política, mas já aprendeu a se livrar de aliados incômodos. O ex-juiz foi rápido para rifar Arthur do Val, o Mamãe Falei. “Jamais dividirei meu palanque e apoiarei pessoas que têm esse tipo de opinião”, tuitou na noite de sexta, quando o falastrão ainda voava de volta da Ucrânia.

O deputado youtuber virou uma companhia tóxica após ofender refugiadas em plena guerra. A questão é que ele sempre usou “esse tipo de opinião” para se promover. Mesmo assim, Moro o havia escolhido para dividir o palanque em São Paulo.

Fundador do MBL, Do Val integra a turma da nova direita que aposta no insulto como arma política. Em 2020, chamou o padre Julio Lancellotti de “cafetão da miséria”. Antes disso, xingou ministros do Supremo, invadiu a Faculdade de Medicina da USP, ofendeu colegas na Assembleia Legislativa e conseguiu ser expulso do DEM por mau comportamento.

Seu currículo já era notório quando Moro discursou em sua filiação ao Podemos, no fim de janeiro. “O Arthur é jovem, mas é experiente”, elogiou. “A gente precisa de uma cara nova. Precisa de alguém jovem, mas maduro, para dar um novo rumo a esse estado”, empolgou-se.

O afastamento do deputado pode soar como alívio, mas cria outro problema para o presidenciável. Moro já sofria com a falta de palanques em estados como Rio de Janeiro e Minas Gerais. Agora terá que improvisar um candidato a governador no maior colégio eleitoral do país. A escassez de nomes se soma à seca de partidos. Até aqui, o Podemos não conseguiu atrair nenhuma sigla para apoiá-lo. Nem o PSC do Pastor Everaldo, recém-saído da cadeia, aceitou pedir votos para o ex-juiz.

“Claro que ninguém deseja o isolamento. Mas essa discussão de palanque é uma coisa antiga”, diz o senador Alvaro Dias, que disputou o Planalto pelo Podemos em 2018. Ele argumenta que parte da classe política “tende a rejeitar Moro por suas virtudes, não pelos seus defeitos”.

Seja como for, Moro tem penado para manter o ânimo da sua pequena tropa. Quatro meses depois de lançar a pré-candidatura, ele continua empacado com um dígito nas pesquisas. O ex-juiz costuma repetir que tem o melhor desempenho na chamada terceira via. Mas estar à frente de rivais com 3% ou 4% não chega a ser uma façanha.

O Globo