
Moro segue isolado e sem palanques estaduais
Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo / 18/02/2022
Baixas recentes no Podemos têm dificultado ainda mais a construção de palanques estaduais para o ex-juiz Sergio Moro, presidenciável do partido. Estagnado nas pesquisas, o ex-ministro do governo Bolsonaro ainda segue sem candidato em alguns dos principais estados do país, como São Paulo, onde o deputado estadual Arthur do Val (sem partido) abandonou a pré-candidatura após falas sexistas virem a público. Além disso, Moro enfrenta empecilhos para costurar uma aliança com outras siglas.
No Paraná, estado de origem do ex-juiz, o Podemos perdeu seu presidente estadual, Cesar Silvestri Filho, para o PSDB. Ex-prefeito de Guarapuava, ele vai abrir palanque para o governador de São Paulo, o tucano João Doria, um dos adversários de Moro na disputa pelo Palácio do Planalto.
A saída repentina foi motivada pela indisposição da sigla em levar adiante a candidatura de Filho. Segundo interlocutores do ex-prefeito, ele discordava da estratégia do Podemos de não lançar um nome próprio no estado em troca do senador Álvaro Dias ser candidato à reeleição na chapa do governador Ratinho Júnior (PSD). Nas últimas semanas, porém, o governador estreitou relações com o deputado federal Ricardo Barros (PP), líder do governo Bolsonaro na Câmara, e, no último sábado, participou de um evento do PP ao lado de Barros, Arthur Lira (PP-AL) e Ciro Nogueira (PP-PI).
Candidatura própria
Outro revés ocorreu no Mato Grosso do Sul, onde o Podemos contava com a filiação de Rose Modesto, mas acabou perdendo a pré-candidata para o recém-criado União Brasil. Deputada federal mais votada do estado e vice-governadora na gestão anterior, Rose terá seu apoio a Moro condicionado às negociações do ex-ministro com o União Brasil, que em propaganda no rádio e na TV tem reafirmado a opção por uma candidatura própria.
O ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas, nome mais forte do partido para a disputa no Tocantins, confirmou que irá deixar a legenda para se filiar ao PL, do presidente Jair Bolsonaro.
— No nosso grupo político, a grande maioria é muito ligada ao governo federal. Era tranquilo enquanto o partido (Podemos) não tinha candidato à Presidência. Quando houve a confirmação (do Moro), isso criou uma discussão interna e tivemos que repensar a permanência.
Cerca de seis meses antes, o Podemos já havia perdido o ex-governador do Amazonas Amazonino Mendes, que poderia ser candidato.
Em Minas Gerais, a presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, contava com o palanque do governador Romeu Zema (Novo). Em novembro, Moro e Zema almoçaram juntos para discutir a aliança, mas o mineiro deve apoiar o candidato de seu partido, Felipe d’Avila.
Segundo o deputado Igor Timo (Podemos-MG), conversas ainda estão em andamento, e o partido pode lançar seu próprio candidato.
— Apoio do governo estadual seria um caminho viável, mas se porventura não chegarmos a um denominador comum, podemos lançar candidato próprio — disse Timo.
Situação parecida ocorre no Rio, onde o Podemos estuda lançar o general Santos Cruz ao governo, mas o presidente estadual, Patrique Welber, ocupa a Secretaria do Trabalho e Renda no governo de Cláudio Castro (PL), que disputará a reeleição.
Em nota, o Podemos informou que vê “com naturalidade” os rearranjos estaduais e que garantirá palanques importantes a Moro.