Moscou e Kiev voltam à mesa de negociação nesta 2a-feira

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Foto: Mykhailo Podolyak/Reprodução

Após dois encontros na semana passada que renderam entendimentos escassos para proteção de civis, representantes da Rússia e da Ucrânia devem se reunir nesta segunda-feira, 7, para uma terceira rodada de negociações.

De acordo com a agência de notícias bielorrusa BelTA, a delegação russa já está em Belarus para o encontro, que deve acontecer às 11h, horário de Brasília.

Em uma mudança de tom, Myhailo Podolyak, assessor da Presidência ucraniana e um dos representantes nas negociações, disse que membros das delegações não iriam relatar as condições propostas até que “posições comuns” fossem alcançadas.

Na quinta-feira, representantes de Moscou e Kiev realizaram a segunda rodada de conversas. Apesar de terem terminado sem os resultados desejados, Podolyak afirmou que as negociações renderam um entendimento sobre proteção de civis e sobre a continuação dos encontros diplomáticos.

O chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, ressaltou os pontos discutidos e confirmou o entendimento sobre corredores para civis. “Discutimos minuciosamente três pontos – militar, internacional e humanitário –, e o terceiro é uma questão de uma futura regulação política do conflito. Ambas as posições estão claras e escritas. Concordamos em algumas delas, mas a questão principal que chegamos a um acordo hoje é a questão de resgatar civis que estão em uma zona de confronto militar”, afirmou.

Ao anunciar o fim da segunda rodada, no entanto, o assessor ucraniano lamentou que “os resultados que a Ucrânia precisa não foram alcançados”, ressaltando que “há uma solução apenas para a organização de corredores humanitários”. Segundo ele, a delegação ucraniana foi à reunião com três objetivos claros: um cessar-fogo imediato, armistício e a criação de meios para proteção de civis.

A imprensa ucraniana afirma que a Rússia, além da não expansão da Otan para o Leste Europeu, teria exigido nas negociações que a Ucrânia se comprometesse a documentar seu status de não integrar nenhum bloco e realizar um referendo sobre isso, reconhecesse as repúblicas populares de Donetsk e Luhansk, abandonasse a exigência da devolução da Crimeia a Kiev e promovesse o fim de “políticas nazistas”. Já a Ucrânia teria exigido um cessar-fogo imediato e a retirada das tropas russas do país.

No entanto, as tropas russas continuam agindo sobre a capital Kiev e outras regiões do país. As negociações não travaram o ímpeto russo de avançar sobre a Ucrânia nem fizeram os ucranianos pararem as tentativas de se aproximar cada vez mais da União Europeia para garantir sanções contra a Rússia e a participação no bloco.

Mais de 2.000 civis foram mortos desde o início da invasão russa à Ucrânia e centenas de estruturas, como instalações de transporte, hospitais, jardins de infância e prédios residenciais foram destruídos, relatou o serviço de emergência ucraniano na quarta-feira. De acordo com o último relatório militar russo, 1.502 alvos de infraestrutura militar ucraniana foram destruídos desde o início da operação militar na Ucrânia, em 24 de fevereiro.

Corredores humanitários

Durante o fim de semana, duas tentativas de retirada de civis fracassaram. Grupos separatistas pró-Rússia e a Guarda Nacional da Ucrânia trocaram acusações de violações à ordem de interromper momentaneamente o conflito.

Já nesta segunda-feira, a Rússia voltou a dizer que bombardeios serão interrompidos em quatro cidades da Ucrânia para a abertura de corredores humanitários. Os corredores serão abertos na capital Kiev e nas cidades de Kharkiv, Mariupol e Sumy. A informação da agência, que cita o Ministério da Defesa da Rússia, é de que o cessar-fogo ocorreria a partir das 10h desta segunda no horário de Moscou (4h, no horário de Brasília).

Segundo o porta-voz russo Igor Konashenkov, serão abertos ao todo seis corredores humanitários distintos. “Informações detalhadas sobre os corredores foram dadas antecipadamente para a Ucrânia”, afirmou.

A Ucrânia, por sua vez, criticou a medida anunciada por Moscou.

“Essa é uma proposta completamente imoral. O sofrimento das pessoas está sendo usado para criar uma imagem televisiva. São cidadãos ucranianos, eles deveriam ter o direito de ir para território ucraniano”, diz o texto.

A Rússia acusa nacionalistas ucranianos de impedir a saída de civis da região, usando a população como ‘escudo humano’. “Devido à falta de vontade do lado ucraniano de influenciar os nacionalistas ou de estender o cessar-fogo, as operações ofensivas foram retomadas”, disse o major-general Igor Konashenkov.

As autoridades da cidade de Mariupol, por sua vez, disseram que a retirada de civis foi adiada porque militares russos não estariam respeitando a trégua. As prefeituras de Mariupol e Volnovakha disseram que as cidades são alvos de bloqueios e ataques russos, impedindo a saída segura dos civis. Mesmo após o acordo, a Ucrânia vinha alegando desrespeito dos russos ao acordo com as regiões sendo alvos de constantes ataques. As duas cidades foram as únicas autorizadas a funcionar como um corredor de fuga para os civis.

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