Próximo presidente terá que lidar com um Senado de centro-direita

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Foto: Reprodução

Nas eleições para o Senado deste ano, Pros, União Brasil (junção de PSL e DEM), PP e MDB são os partidos que terão que fazer os maiores esforços para tentar manter ou ampliar suas bancadas. Essas quatro agremiações são as que têm as maiores proporções de senadores concluindo o oitavo e último ano de mandato.

Num segundo grupo, com exatamente um terço da bancada em fim de mandato, estão PDT, PL, Podemos e PSDB.

Independentemente de avaliação de quem corre mais ou menos riscos, a expectativa majoritária entre dirigentes partidários é a de que a composição do Senado a partir de 2023 mude pouco em relação à atual.

Isso porque, diferentemente do que ocorre na Câmara, onde os mandatos são de quatro anos e 100% das vagas estarão em jogo, só 27 das 81 cadeiras do Senado serão disputadas. Além disso, das 27 vagas que serão definidas em outubro, 14 são de senadores que tentarão a reeleição – nomes que, por já estarem no cargo, costumam ter vantagem na disputa.

Quem for eleito presidente neste ano deverá lidar com um Senado com predominância de parlamentares de centro-direita. Dos 54 senadores que permanecem no cargo até 2027, o MDB tem 10 nomes; o PSD mantém 8, o Podemos, 6; e o PT, 5.

“A direita vai crescer nesta eleição porque o Centrão está com muito poder e o bolsonarismo migrou para o PL”, diz o cientista político Carlos Ranulfo, professor da UFMG. “Mesmo com Jair Bolsonaro perdendo a eleição presidencial, os bolsonaristas vão ter voto. A esquerda também vai crescer. A incógnita é o que vai ocorrer com a terceira via.”

Do lado governista, Bolsonaro aposta em nomes de ministros nas disputas por vagas no Senado. Há vários nessa situação.

O titular do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho (PL), irá disputar pelo Rio Grande do Norte. A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (sem partido), deve concorrer pelo Amapá. A secretária de Governo, Flávia Arruda (PL), pelo Distrito Federal. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina (que se filiará ao PP), pelo Mato Grosso do Sul. E o ministro do Turismo, Gilson Machado (PSC), em Pernambuco.

Ainda do lado bolsonarista, o vice-presidente, Hamilton Mourão, filiou-se ao Republicanos para concorrer no Rio Grande do Sul.

Nos dois maiores colégios eleitorais do país, porém, Bolsonaro não encontrou nomes competitivos para o Senado. Pelo menos por enquanto. Em São Paulo, a aposta é na candidatura do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, para concorrer ao governo. Não se sabe quem comporia a chapa para o Senado.

Em Minas, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tenta convencer o governador, Romeu Zema (Novo), a apoiar o ex-ministro do Turismo e deputado federal Marcelo Alvaro Antonio (PSL-MG) na disputa pelo Senado.

No Rio de Janeiro, o senador Romário (PL) tentará a reeleição com o apoio de Bolsonaro. Para o governo, o grupo bolsonarista embarca na tentativa de reeleição de Cláudio Castro (PL).

Entre os partidos de centro-direita, o PSD apresenta um movimento contraditório. Na disputa presidencial, o partido tem uma tendência de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na hipótese de um segundo turno entre o petista e Bolsonaro. Em diferentes Estados, a legenda forma palanques ora do lado bolsonarista ora do lado petista.

No Amazonas, por exemplo, o senador Omar Aziz (PSD), que tentará se reeleger, deve apoiar Lula. Já no Rio Grande do Norte, o partido é controlado pelo ex-governador Robinson Faria, que se tornou bolsonarista em 2018.

No campo da esquerda, o PT tem apenas 2 de seus 7 senadores no último ano de mandato.

Embalado pela expectativa de bom desempenho de Lula na eleição presidencial, o partido espera ampliar a bancada de senadores com o lançamento de nomes regionais fortes.

As principais apostas petistas para o Senado são os governadores da Bahia, Rui Costa, e do Ceará, Camilo Santana. Ambos estão concluindo segundo mandato e têm boas taxas de aprovação. Outra aposta forte é na candidatura da deputada federal Marília Arraes por Pernambuco.

Em Minas, o PT parece disposto a mão de candidato ao governo para apoiar o prefeito Alexandre Kalil (PSD). Em troca, quer indicar o deputado Reginaldo Lopes, atual líder da bancada na Câmara, como nome ao Senado.

Em Alagoas, o PT tende a apoiar para o Senado o governador Renan Filho (MDB).

O PSB tem o governador do Maranhão, Flávio Dino, como favorito na disputa pela vaga no Senado. Já O PC do B, que compor uma federação liderada pelo PT, tem como principal aposta a possível candidatura da ex-deputada Manuela d’Ávila pelo Rio Grande do Sul.

Valor Econômico