PSDB gastou R$ 10 milhões com prévias que escolheram Doria

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Foto: Roberto Casimiro / Fotoarena / Agência O Globo / 06-12-2021

Com a possível desistência do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), a concorrer à Presidência da República, o PSDB teve um prejuízo aproximado de R$ 10 milhões com as prévias, cujo objetivo principal era definir quem seria o presidenciável da sigla em 2022.

O valor ainda deve ser declarado oficialmente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até junho e não foi plenamento pago. Isso porque há dentro do partido uma discussão se o PSDB deve pagar ou não pelo aplicativo de votação, que pifou na hora de registrar os votos e levou à suspensão temporária do pleito. Além da contratação extra de uma empresa de tecnologia e de cibersegurança, para concluir o processo das prévias, a legenda havia estimado um repasse de R$ 1,5 milhão para cada um dos três candidatos com o intuito de cobrir despesas com viagens e aluguel de imóveis para eventos partidários.

João Doria saiu vitorioso da disputa interna, que foi anunciada pela direção como uma espécie de “primárias americanas”. Na manhã desta quinta-feira, no entanto, ele anunciou aos seus auxiliares que não pretendia mais concorrer à Presidência e que continuaria no comando do governo de São Paulo até 31 de dezembro, conforme a Coluna de Lauro Jardim. O anúncio gerou alvoroço dentro do PSDB, já que os dirigentes da sigla esperavam que ele renunciaria ao cargo hoje para dar lugar ao vice Rodrigo Garcia, que é pré-candidato ao governo paulista.

O valor de R$ 10 milhões vinha sendo alardeado pelo tesoureiro do PSDB, Cesar Gontijo, aliado de Doria, para cobrar “ética” da parte do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que após perder a disputa interna vinha cogitando sair do partido para se lançar à Presidência pelo PSD. O argumento levantado pelo pessoal de Doria era que as prévias só haviam acontecido, com um alto investimento de dinheiro e energia, porque o gaúcho se comprometera a permanecer na sigla em caso de derrota.

O processo das prévias durou três meses, contou com três debates e foi encerrado num megaevento no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, que reuniu governadores, prefeitos, vices, senadores, deputados, dirigentes e parte da militância do PSDB que veio de diversos estados.

Apesar da vitória no pleito partidário, o governador paulista vinha enfrentando resistência interna dentro da sigla e tendo dificuldades para firmar alianças com outros partidos de centro, além do fraco desempenho nas pesquisas eleitorais. Uma ala ligada ao deputado Aécio Neves vinha defendendo que ele abrisse mão da candidatura à Presidência em prol de Eduardo Leite.

Na última segunda-feira, Leite decidiu continuar no PSDB e anunciou que renunciaria ao cargo de governador do Rio Grande do Sul. A principal razão que o levou a ficar foi justamente a possibilidade de se tornar candidato da legenda ao Palácio do Planalto nas eleições de outubro.

O Globo