Rússia promete deixar civis fugirem da guerra
Foto: Michael Kappeler/picture alliance/Getty Images
A agência estatal de notícias russa TASS informou neste domingo, 6, que serão reabertos os corredores humanitários nas cidades de Mariupol e Volnovakha, no sudeste da Ucrânia. O anúncio vem depois de as evacuações de civis serem interrompidas neste sábado, 5, após a Rússia ter concordado com um cessar-fogo, diante de acusações de autoridades da Ucrânia de que os russos violaram o acordo e retomaram ataques.
Segundo informou no Twitter o governador da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, a nova tentativa de abrir um corredor humanitário para retirada de civis em Mariupol começaria ao meio-dia local (7h do horário de Brasília). Com a cidade sob bombardeio há seis dias, o prefeito local, Vadym Boichenko, diz que Mariupol sofre sem energia e água e os cidadãos não conseguem recuperar familiares mortos.
O conflito bélico entre Rússia e Ucrânia completou 10 dias com um saldo de mais de 1,5 milhão de refugiados, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Ainda sem um acordo de paz entre os países, ambos acordaram com a criação de um corredor humanitário na quinta-feira, 3, para garantir a segurança dos civis ucranianos que desejam deixar o país. Neste sábado, contudo, a Rússia retomou as ofensivas em Mariupol e Volnovakha, regiões onde foram criados os corredores para evacuação da população.
O ministério da Defesa da Rússia anunciou a retomada das ofensivas militares nas regiões por volta de 18h, horário de Moscou, após ceder um cessar-fogo de cinco horas para possibilitar retirada de civis e chegada de alimentos e medicamentos nas cidades ucranianas. A Rússia acusa nacionalistas ucranianos de impedir a saída de civis da região, usando a população como ‘escudo humano’. “Devido à falta de vontade do lado ucraniano de influenciar os nacionalistas ou de estender o cessar-fogo, as operações ofensivas foram retomadas”, disse o major-general Igor Konashenkov.
O conflito está envolto em uma guerra de narrativas. As autoridades da cidade de Mariupol disseram que a retirada de civis foi adiada porque militares russos não estariam respeitando a trégua. A prefeitura de Mariupol e Volnovakha disseram que as cidades são alvos de bloqueios e ataques russos, impedindo a saída segura dos civis. Mesmo após o acordo, a Ucrânia vinha alegando desrespeito dos russos ao acordo com as regiões sendo alvos de constantes ataques. As duas cidades foram as únicas autorizadas a funcionar como um corredor de fuga para os civis.