
Tucano histórico diz que trocar candidato não ajuda PSDB
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Derrotado nas prévias tucanas pelo governador de São Paulo, João Doria, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto critica a movimentação feita por tucanos como o deputado Aécio Neves (MG) para trocar o candidato presidencial e diz que a “traição” tem se tornado “regra” no PSDB.
Virgílio afirma que por trás da ideia de substituir Doria pelo governador gaúcho, Eduardo Leite, está uma articulação para o partido desistir, mais à frente, de ter candidato próprio à Presidência, para ter mais recursos para eleger deputados federais.
O ex-prefeito afirma que mesmo com as dificuldades enfrentadas por Doria para viabilizar sua pré-candidatura, com cerca de 3% das intenções de voto, o governador paulista foi o escolhido pelo partido para disputar a Presidência e é preciso respeitar a decisão dos militantes tucanos.
Na disputa do PSDB para decidir quem seria o candidato à Presidência, em novembro de 2021, Arthur Virgílio recebeu 1,35% dos votos. Doria venceu com 53,99%, Leite teve 44,66%. Os três candidatos combinaram, na época, que respeitariam o resultado da eleição interna.
Virgílio questiona a motivação de Aécio e de outros tucanos, como ex-presidentes nacionais do PSDB, para tirar Doria, e diz que qualquer nome do partido terá dificuldade para romper a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro na eleição. “Se trocar o candidato vai conseguir aumentar as intenções de voto e garantir que o PSDB vai disputar o segundo turno? Não existe isso. Não existe milagre, não existe uma varinha de condão ou uma fórmula mágica que garanta o crescimento de um outro nome”, diz. “Não vai mudar o cenário se mudar o candidato”, afirma. “É um jogo para boicotar a candidatura própria do partido.”
Na avaliação do tucano, a articulação contra Doria tem respaldo de parlamentares interessados na retirada da candidatura presidencial própria para ter mais recursos do fundo partidário para a bancada tentar a reeleição.
O ex-prefeito de Manaus lembra dos gastos que o PSDB teve para realizar as prévias e diz que trocar o candidato agora seria “rasgar dinheiro” público.
Eduardo Leite, que ameaça deixar o partido para ir para o PSD disputar a Presidência, recebeu R$ 1,2 milhão para custear os gastos na eleição interna.
Virgílio defende que Eduardo Leite continue no PSDB e dispute a reeleição no Rio Grande do Sul, apesar dos convites feitos pelo PSD para que o gaúcho dispute a Presidência pelo partido.
“Se ele migrar para disputar por outro partido depois da derrota na prévia, vai perder a identidade, a credibilidade”, diz. “Doria, crescendo ou não crescendo nas pesquisas, é o candidato que as prévias escolheram.”
O ex-prefeito defende também que Aécio Neves deixe o PSDB, em meio a articulações feitas pelo deputado federal para que a sigla reavalie a candidatura de Doria. “Aécio não aceitou a derrota nem quando ele perdeu a disputa presidencial em 2014”, diz.
“O que está acontecendo hoje no partido é uma vergonha. Se a pessoa não está satisfeita, que vá embora. Aproveita a janela partidária. Agora vai ficar no partido questionando prévia? Vai dar um golpe?”, questiona. “A traição virou regra no partido.”