Candidata a presidente pelo PSTU foca críticas em Lula e esquece Bolsonaro

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução

A presidenciável do PSTU, Vera Lúcia, afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) se assemelham na condução da economia, embora sejam diferentes na postura política —já que o segundo almeja fechar o sistema democrático, segundo a pré-candidata.

Vera participou de sabatina realizada por Folha e UOL nesta terça-feira (26). A entrevista foi conduzida pela apresentadora Fabíola Cidral, pelo colunista do UOL Josias de Souza e pela jornalista da Folha Catia Seabra.

“Não há diferenças muito importantes na politica econômica. A diferença entre os dois é na condução política”, disse Vera, acrescentando que Bolsonaro tenta “arroubos autoritários”.

“Lula não defende isso. Dizer isso seria uma mentira”, continuou. “Lula defende que as instituições continuem funcionando como está hoje. A defesa da democracia de Lula é a defesa da democracia dos ricos. Nos bairros mais pobres da cidade, democracia é algo que o povo desconhece.”

Vera afirmou que democracia “é uma palavra forte” para descrever o regime brasileiro, “em que a legislação eleitoral favorece os grandes partidos” e a eleição é “dominada pelo poder econômico”.

A pré-candidata fez críticas a Lula e a sua frente ampla. Um convite para fazer parte dessa aliança, disse Vera, “seria um convite perdido, uma afronta ao que defendemos”.

“Nesse balaio de gato é impossível atender às demandas da classe trabalhadora. Um servo não pode servir a dois senhores”, disse ela a respeito da união de Lula a partidos que ela considera de centro ou de direita, além da aproximação do petista com bancos e grandes empresas.

Vera não irá participar do ato de 1º de Maio da maioria das centrais pelo mesmo motivo —a presença de políticos de partidos de direita. Ela citou Arthur Lira (PP-AL), Renan Calheiros (MDB-AL) e Geraldo Alckmin (PSB), que deve ser candidato a vice-presidente na chapa de Lula.

“Não podemos ficar no meio dessa chantagem. A classe trabalhadora tem necessidades concretas que devem ser atendidas. Não podemos fazer isso no mesmo palanque que a burguesia”, disse.

Vera afirmou também que “o PT traiu a classe trabalhadora”. O PSTU, como ela declarou na sabatina, foi a favor da derrubada do governo Dilma Rousseff (PT), mas pelas ruas e não “pelo Congresso que não tinha moral”.

A pré-candidata defende que a classe trabalhadora tome para si a tarefa de governar o Estado. Vera não deixou claro qual os termos da revolução que propõe, mas afirmou que a realização do programa do PSTU “requer mudanças que revolucionam a forma de organizar e distribuir a riqueza”.

O objetivo central do programa de governo do PSTU e do polo socialista revolucionário (conjunto de entidades), que ela também representa, é expropriar as empresas privadas e estatizá-las, segundo a pré-candidata.

“Isso não se dá em um único governo de quatro anos”, afirmou Vera, ressaltando que as primeiras expropriações seriam das cem principais empresas do país que, segundo ela, são dominadas por 315 famílias.

“Vamos tirar esses proprietários e colocar outros. A empresa vai ser controlada pelos trabalhadores e pela população”, concluiu. ​Ela completou ainda que pequenas empresas seriam poupadas da expropriação.

Vera defendeu ainda a liberação do porte e da posse de armas pela população. “O Estado e os bandidos são armados e nós ficamos reféns”, disse ela.

Questionada sobre a semelhança com Bolsonaro nesse aspecto, Vera respondeu que o presidente “defende ditadura e armas para quem pode comprar”, o que não é sua proposta, segundo ela.

A pré-candidata pregou o direito daqueles que querem se armar e disse que as armas terão valor popular em seu governo. Ela descartou, porém, a distribuição gratuita de armas e defendeu que a polícia se auto-organize.

Segundo Vera, os demais candidatos à Presidência neste ano já governaram e foram testados, mas “a realidade da classe trabalhadora no sistema capitalista não tem melhorado, só tem piorado”.

Ela afirmou que as instituições e as leis não mudam porque “não é de interesse da burguesia”. “A fome e a necessidade de trabalhar precisam ser satisfeitas, coisa que esses governantes até agora, do passado e do presente, nunca responderam.”

Questionada sobre em qual país se inspira para defender seu programa de governo, Vera respondeu que atualmente nenhum país representa bem o projeto da classe trabalhadora. Ela também se posicionou ainda a favor do povo ucraniano na guerra contra a Rússia.

De acordo com Vera, a dominação da classe trabalhadora não é um modelo popular no mundo por ser um “projeto contrário à burguesia e ao imperialismo capitalista”.

Já a respeito do fracasso eleitoral do PSTU, que não tem representantes eleitos, Vera afirmou ter a ver “com a chamada falta de democracia”.

“Não há nenhuma coisa grave que estamos tratando aqui. Não estamos mentindo, não somos ligados à corrupção, não fazemos negociata”, disse ela, ressaltando que o programa do PSTU não chega ao conjunto da classe trabalhadora porque “só aparece mal e porcamente nas eleições e em algumas entrevistas”.

Ela criticou a desigualdade dos partidos no acesso ao fundo eleitoral e ao horário de TV —que é proporcional a quantidade de deputados de cada sigla.

Vera afirmou que o PSTU é a favor do financiamento público de campanha, mas desde que o valor seja distribuído igualmente. O partido terá R$ 3 milhões neste ano, montante que ela diz não fazer frente aos demais. ​

Vera se declarou a favor da legalização do aborto, da maconha e de outras drogas e dos jogos de azar. Também disse ser favorável às cotas, mas como medida paliativa, e foi além da taxação de grandes fortunas —defendeu a expropriação delas.

Ela foi contra a privatização da Petrobras, o marco temporal de terras indígenas, a independência do Banco Central e a regulamentação da mídia. Pregou ainda a revogação de todas as reformas trabalhistas e previdenciárias.

Vera também declarou que o auxílio emergencial seria no valor de dois salários-mínimos e não teve opinião formada sobre o cumprimento da pena após condenação em segunda instância. ​

Folha