Cobrado pelo desemprego, Bolsonaro empurra a culpa
Foto: CRISTIANO MARIZ / Agência O Globo
Ao comer pastel em uma rua de Brasília neste sábado, o presidente Jair Bolsonaro recebeu pedido de emprego de um apoiador e voltou a culpar governadores pela falta de postos de trabalho. Não é a primeira vez que o mandatário dá declarações desse tipo, numa crítica às restrições provocadas pela Covid-19, sobretudo o período de restrição das atividades no primeiro pico da pandemia, em 2020.
— Quem tirou teu emprego não foi eu. Eu não fechei nada, eu não fechei nem um botequim. Quem fechou foi o governador — disse Bolsonaro em vídeo divulgado pelo jornal Poder360.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, mostram que a taxa de desemprego caiu para 11,2% no trimestre encerrado em fevereiro, menor nível para o período desde 2016. Ao todo, 12 milhões de brasileiros buscam um posto de trabalho. A renda média, por sua vez, despencou 8,8%: a média de ganhos foi R$ 2.511 no mês passado — a menor desde o início da série histórica de 2012. Os números foram divulgados na última quinta-feira.
Ainda durante o momento em que o presidente comia pastel, um outro apoiador pediu a opinião do presidente sobre Sérgio Moro, seu ex-ministro que, nesta semana, anunciou a anunciou a desistência da pré-campanha presidencial, trocou de partido, voltou atrás na sexta-feira e retomou o interesse eleitoral. Bolsonaro evitou responder ao pedido:
— Quero falar de motocicleta.
O passeio pela capital federal veio após o presidente sair do Palácio do Planalto na manhã de sábado, despistando jornalistas. Passou por uma borracharia em Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, e por um circo na Candagolândia, a 18,1 quilômetros do centro de Brasília. Além disso, a agenda incluiu a ida à posse do arcebispo militar do Brasil Dom Marcony Vinícius Ferreira, na Catedral Rainha da Paz.