Colégios militares estimulam violência entre alunos
Foto: Reprodução
Um vídeo que circula pelas redes sociais mostra alunos do Centro de Treinamento Pré-Militar de Canoas (RS) entoando cantos que exaltam a violência em marcha pelas ruas da cidade.
O vídeo foi divulgado pelo coronel Marcelo Pimentel, ex-chefe do Estado-Maior da 7ª Região do Exército, que corresponde a Pernambuco e parte do Nordeste. O oficial da reserva é crítico da militarização do governo pela gestão Jair Bolsonaro (PL).
As letras costumam ser cantadas em cursos brasileiros, durante Treinamento Físico Militar (TFM) e, segundo Pimentel, falam de “interrogatórios violentos” e “torturas”.
“Quando eu morrer, quero ir de FAL e de Beretta, chegar no inferno e dar um tiro na cabeça no capeta”, diz trecho da canção divulgada no vídeo (veja abaixo).
O FAL (Fuzil Automático Leve) é um fuzil de uso generalizado entre as forças armadas de muitos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Já Beretta é o nome genérico atribuído à fábrica de armas de fogo italiana Fabbrica d’Armi Pietro Beretta S.p.A.
Esse vídeo foi feito por um dos poucos oficiais do EB q eu conheço c/coragem de ñ se omitir.
Trata-se de cena do cotidiano em Canoas-RS, cidade c/guarnição militar considerável.
Crianças e jovens conduzidos por marmanjos entoando “canções de corrida” dos quartéis anos 70.
— Marcelo Pimentel JS (@marcelopjs) April 3, 2022
Outras letras de TFM, como são conhecidas, fazem apologia à violência em ações militares. Uma delas, intitulada “Troquei meu Playstation por um fuzil”, diz: “A missão é invadir o Complexo do Alemão / Bota o fuzil pra cantar pa-pum! / Troquei meu Playstation por um fuzil”.
O Metrópoles procurou o Exército Brasileiro para comentar o vídeo, mas ainda não recebeu resposta. O espaço segue aberto para manifestações.
Não é o primeiro episódio em que militares são flagrados entoando cânticos que fazem alusão à violência. Em 2013, uma tropa do Batalhão de Operações (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro foi filmada em um treinamento no parque Guinle, em Laranjeiras, cantando palavras de ordem que incitavam confrontos dentro de favelas, conforme mostrou o portal G1 na época.
No vídeo, os soldados apareciam sem camisa, correndo e gritando: “É o Bope preparando a incursão/ E na incursão / Não tem negociação / O tiro é na cabeça / E o agressor no chão / E volta pro quartel, pra comemoração”.
Já em 2015, a Carta Capital divulgou vídeo de alunos da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EpcAr), em Barbacena (MG), cantando o seguinte “hino” durante os exercícios da escola: “Pega o vagabundo e dá porrada para matar. Tapa na cara. Chute no peito. Choque na língua. Choque no pé. Uh, choque elétrico”. A Força Aérea Brasileira (FAB) chegou a abrir sindicância para apurar o caso.