Comandante do Exército respondeu a Barroso em poucas horas

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Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Passaram-se poucas horas entre o momento em que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, em evento promovido por uma universidade alemã, disse:

“Desde 1996 não tem um episódio de fraude no Brasil. Eleições totalmente limpas, seguras e auditáveis. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar? Gentilmente convidadas a participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo?”;

e o momento em que, por exigência do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio de Oliveira, até um dia desses comandante do Exército, respondeu em nota oficial:

“Afirmar que as Forças Armadas foram orientadas a atacar o sistema eleitoral, ainda mais sem a apresentação de qualquer prova ou evidência de quem orientou ou como isso aconteceu, é irresponsável e constitui-se em ofensa grave a essas instituições nacionais permanentes do Estado brasileiro“.

Onde na fala de Barroso existe ofensa às Forças Armadas? O objeto oculto da fala dele é o presidente da República, que não perde oportunidade de tentar usar as Forças Armadas para atacar o processo eleitoral e desacreditá-lo. Quem sabe ler, entende.

Um recibo tão rápido nunca havia sido passado. Bolsonaro acusou o golpe e o general foi usado. “Manda quem pode”, ensinou outro general, Eduardo Pazuello, ministro da Saúde de tristíssima memória, “obedece quem tem juízo”, e está ali para dizer amém.

O presidente carente de votos para se reeleger faz o que pode e o que não deveria fazer para evitar ser derrotado em outubro próximo. E o Supremo Tribunal Federal é o único Poder a lhe impor limites. Quase sempre ele os ignora, e o conflito é inevitável.

O que mais incomodou o presidente no domingo de Carnaval não foram os gritos de “Lula, lá” das arquibancadas da Sapucaí; nem o destaque da escola de samba paulista Rosas de Ouro que encenou a transformação de Bolsonaro em jacaré depois de ser vacinado.

O que mais o incomodou foi a notícia de que Barroso autorizou a remessa para a Polícia Federal de um conjunto de provas colhidas pela CPI da Covid que envolvem Bolsonaro e seus aliados em suspeitas de disseminação de informações falsas sobre a doença.

Isso não significa que a Polícia Federal, dominada por Bolsonaro, possa lhe criar problemas. Se criasse, ele ainda contaria com a Procuradoria-Geral da República como um poderoso escudo de proteção; além do pouco tempo que lhe resta de governo.

No último caso, o presidente tem o poder de perdoar criminosos. Se perdoou o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo Supremo a 8 anos e 9 meses de prisão em regime fechado, por que não perdoaria a si mesmo e aos seus filhos? Absurdo?

Absurdo é Bolsonaro ter sido eleito; os militares que o afastaram do Exército por má conduta obedecerem docilmente às suas ordens; e quem sofreu com a pandemia tratada como gripezinha estar disposto a votar nele outra vez; isso, sim, é absurdo.

Metrópoles