Esquerda e direita se unem na França contra extrema-direita

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Foto: Raymond Roig/AFP

O avanço de Marine Le Pen ao segundo turno das eleições presidenciais da França foi recebido neste domingo, 10, com um pedido generalizado dos principais candidatos derrotados para que a representante da extrema-direita seja freada, consequentemente favorecendo o atual presidente, Emmanuel Macron, que busca a reeleição.

Segundo pesquisa boca de urna publicada pelo instituto Ipsos após o fechamento das urnas neste domingo, Macron teria 28,1% dos votos, seguido por Le Pen, com 23,3%.

No início desta semana, Le Pen também alcançou o que era até então seu índice mais alto neste ano, com 48,5% das intenções de voto em um provável segundo turno. A Harris Interactive, em uma pesquisa para o semanário de negócios Challenges, também disse que uma possível vitória de Macron — que, nos últimos meses, era dada como certa — ocorreria agora dentro da margem de erro.

“Não deve ser dado um voto sequer a Le Pen”, disse Jean-Luc Mélenchon, da esquerda, que, de acordo com as primeiras estimativas de votos, ficou em terceiro lugar, com 21,2%.

Em tom similar, a conservadora Valérie Pécresse (5%) ,um pouco acima do verde Yannick Jadot (4,3%), se expressou a favor do atual mandatário.

“Vou votar em Macron para evitar a chegada de Le Pen ao poder e o caos resultante”, afirmou. “Não sou a dona dos votos recebidos, mas peço aos meus eleitores que me honraram com a sua confiança que pesem nos próximos dias as consequências potencialmente desastrosas para o nosso país e para as gerações futuras de qualquer decisão diferente da minha.

A socialista Anne Hidalgo, prefeita de Paris, reconheceu a derrota histórica para seu partido, com apenas 1,7%, mas também declarou apoio a Macron. “Peço para que votem contra a extrema direita de Le Pen”, disse.

Quem se manifestou claramente a favor de Le Pen foi o polêmico ultradireitista Éric Zemmour, que, de acordo com as primeiras estimativas do instituto Ipsos, recebeu 7,2 % dos votos neste primeiro turno.

“Há diante dela um homem que deixou entrar dois milhões de imigrantes, que não disse uma única palavra sobre segurança e imigração durante a campanha. Não escolherei o adversário errado”, comentou. O soberanista Nicolas Dupont-Aignan (2,1%) também anunciou apoio a Le Pen.

Em vez de se concentrar em questões de imigração e segurança, temas valiosos na eleição passada, Le Pen ajustou sua plataforma econômica e fez campanha para reduzir o custo de vida no país, à medida que o poder de compra é uma das principais preocupações dos eleitores franceses, especialmente com o aumento da inflação de energia e alimentos. Ela é impulsionada também por uma base que vê o atual presidente como um líder fraco.

Vendo a liderança diminuir, Macron tratou de atacar a opositora e, nesta sexta-feira, 8, a acusou de mentir a eleitores para conseguir apoio.

“Os princípios (de Le Pen) não mudaram: é um programa racista que busca dividir a sociedade”, dise o presidente ao Le Parisien. “Há uma estratégia clara de esconder os pontos mais brutais”.

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