Força Sindical está quase rompendo com Lula após vaias de aliados do ex-presidente
Foto: Reprodução
O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), se encontrou nesta segunda-feira (18) com o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB), ao lado do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), indicando uma articulação que atinge tanto a terceira via como a campanha do ex-presidente Lula (PT).
O encontro expôs a ameaça de desembarque de Paulinho da candidatura do ex-presidente, mesmo após ter apoiado a entrada de Geraldo Alckmin (PSB) na chapa de vice do petista, e também a atuação ativa de Aécio pela candidatura de Leite apesar da derrota para João Doria nas prévias do PSDB.
Ele ocorre depois de o presidente do Solidariedade ter se incomodado com as vaias que recebeu durante evento de Lula e Alckmin com sindicalistas em São Paulo, na quinta-feira (14).
Até os últimos dias, o deputado federal Paulinho da Força e o Solidariedade vinham demonstrando apoio à candidatura de Lula ao Planalto. O partido foi uma das siglas consideradas para abrigar Alckmin com a intenção de que ele fosse vice de Lula.
Paulinho publicou uma foto na noite desta segunda com Leite e Aécio no Twitter. “Estive hoje com o meu amigo e deputado Aécio Neves e com o ex-governador Eduardo Leite (RS). Leite me explicou sobre o seu trabalho para ser candidato a presidente da República pela terceira via”.
Já o ex-governador gaúcho publicou imagem do encontro, mas sem mostrar a presença de Aécio nem citá-lo —que tem atuado nos bastidores pela candidatura alternativa tucana.
“Encontrei há pouco o @dep_paulinho, presidente do Solidariedade para uma boa conversa sobre o Brasil e a necessária construção de convergências na agenda política do país”, disse.
Encontrei há pouco o @dep_paulinho, presidente do Solidariedade para uma boa conversa sobre o Brasil e a necessária construção de convergências na agenda política do país. pic.twitter.com/gZUXOcYm51
— Eduardo Leite (@EduardoLeite_) April 18, 2022
Leite deixou o comando do governo gaúcho no mês de abril e vem se apresentando como possível alternativa para uma candidatura do PSDB à Presidência, embora Doria tenha vencido as prévias do partido contra ele.
A tese defendida por aliados dele, como Aécio, seria a de que as prévias do PSDB podem ter validade interna, mas, para uma composição mais ampla, o nome precisaria ser consensual. Leite entraria como o preferido diante da alta rejeição ao nome de Doria até aqui.
O argumento para legitimar a contestação a Doria não viria exclusivamente do PSDB, mas também de partidos que negociam a composição para a chapa presidencial, como MDB, União Brasil e Cidadania.
No evento da semana passada com Lula, Paulinho, que é presidente de honra da Força Sindical, foi alvo de críticas de petistas por ter apoiado o impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Paulinho tem dito a membros do Solidariedade e da Força que não está fazendo um favor ao PT, que se trata de uma aliança política e que, se o partido de Lula assim preferir, o Solidariedade pode se afastar do bloco partidário.
A deputada federal Marília Arraes (PE) filiou-se ao Solidariedade recentemente para, mesmo fora do PT, apoiar a chapa do ex-presidente em outubro. Ela deve concorrer ao governo pernambucano.
Após as vaias na semana passada, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu no último sábado (16) a parceria com o parlamentar.
“O Solidariedade e o companheiro Paulinho da Força são muito importantes na nossa frente pela democracia e pela reconstrução do Brasil. O adversário dos trabalhadores (as) é Bolsonaro, é Paulo Guedes e sua política neoliberal que destrói o país. A hora é de unidade pelo Brasil”, disse a petista.
Para tentar resolver a crise, Gleisi Hoffmann, convidou Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, para um encontro no Instituto Lula, em São Paulo, nesta terça-feira (19), segundo a coluna Painel.
Após a insatisfação de Paulinho, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), também convidou o deputado e o partido para participarem da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo áudio revelado pelo site O Antagonista.
“Nós estamos prontos para cuidar melhor de você, rapaz. Venha para o lado dos bons, das pessoas que gostam de você. Esse povo lá não presta não”, disse o ministro bolsonarista em um dos trechos.