Furtos e roubos disparam em SP
Foto: Mathilde Missioneiro – 15.fev.2022/Folhapress
O primeiro trimestre de 2022 registrou um aumento no número de furtos e roubos no estado de São Paulo, na comparação com o mesmo período de 2021. Com isso, o patamar dos dois crimes se aproxima do registrado antes do início da pandemia de Covid-19.
Segundo os dados oficiais divulgados nesta segunda (25) pela SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública), São Paulo registrou 132.782 furtos no primeiro trimestre do ano.
Isso representa uma alta de 28,5% em relação aos primeiros três meses de 2021 e de 7% na comparação com 2020 —a pandemia começou em março daquele ano. Na relação com o mesmo período em 2019, antes do início da crise sanitária, houve uma diminuição de 2,7%.
Como a circulação de pessoas diminuiu durante a pandemia, os números de furtos e roubos também caiu. Agora, com a retomada das atividades, eles estão sofrendo uma forte alta.
No caso dos roubos, o estado registrou 59.905 casos nos primeiros três meses do ano, alta de 7,4% na comparação com 2021. Mas o valor representa uma queda de 4% em relação aos 62.372 casos de 2019, no pré-pandemia, e de 12% com 2020, quando ocorre o início da crise sanitária.
A cidade de São Paulo apresentou um movimento semelhante ao do resto do estado. Na capital, os furtos aumentaram em 36,7% em relação a 2021, chegando a 53.200 casos. Isso representa 24 crimes do tipo a cada hora na cidade. Em 2020, foram 58.331 casos, e em 2019, 60.431.
Os roubos em geral aumentaram 10% na capital em um ano, chegando em 34.654. Em 2019, antes da pandemia, foram 32.996.
Para Rafael Alcadipani, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o aumento dos furtos e dos roubos acaba por confirmar um aumento da sensação de insegurança da população.
Ele também atribui o crescimento dos casos no último ano ao agravamento das desigualdades sociais durante a pandemia. “Infelizmente, a crise econômica faz com que algumas pessoas optem pelo lado errado, como forma de conseguir recursos”, diz.
O ex-secretário nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva Filho, coronel da reserva da PM paulista, afirma que os dados aumentaram conforme as pessoas voltaram a circular pelas ruas após a flexibilização.
Ele destaca, porém, que os números, de maneira geral, estão melhores do que no período pré-pandemia. “Isso é interessante observar”, diz.
Chama a atenção, no entanto, ele ressalta, o aumento dos furtos de veículos no estado no primeiro trimestre. Em 2020, foram 19.829, no ano seguinte, 18.282 e, neste ano, 22.212. “Isso indica a entrada de novos criminosos no mercado de furtos de veículos”, analisa.
Ao mesmo tempo, o estado registrou uma queda no número de vítimas de homicídio —741 em 2022, contra 783 no primeiro trimestre de 2021. Em 2020, no período, foram 792 casos. Em 2019, no pré-pandemia, 758.
Os latrocínios —roubos seguidos de morte— se mantiveram estáveis. Foram 44 no primeiro trimestre do ano passado e 43 no mesmo período deste ano. Em 2020, foram 58, e, em 2019, 38.
Já estupros foram 3.066 no primeiro trimestre deste ano, contra 3.113 no ano passado. Em 2020, foram 2.904, enquanto no período em 2019, 3.044.
Os dados da SSP mostram também que foram presos no estado, ainda no primeiro trimestre, 35.701 suspeitos de crimes a apreendidos 2.539 adolescentes. Durante o período também foram apreendidas 2.608 armas de fogo.
No ano passado, no mesmo período, foram tirados das ruas 35.704 suspeitos de crimes, além de 2.917 adolescentes infratores. Foram apreendidas na ocasião 2.913 armas de fogo.
A SSP afirmou que, para combater essas práticas, as polícias civil e militar realizam operações constantes em todo o estado.
Para Azor Lopes Silva Júnior, coronel da reserva da PM de São Paulo e doutor em sociologia, um dos maiores problemas do estado na área é o baixo contingente das polícias.
“Essa deficiência de recursos humanos tenta ser compensada com investimento em tecnologia”, afirmou o coronel, se referindo ao projeto Olho Vivo da PM, que instalou câmeras de monitoramento nos coletes de policiais militares de 18 unidades —na capital, litoral e interior.
Segundo ele, a falta de efetivos se reflete nas ruas e leva principalmente a um aumento dos crimes patrimoniais, caso dos roubos e furtos. “O sujeito furta ou rouba celular com uma tranquilidade gritante e, em números, isso aumenta os balanços trimestrais e anuais”, afirma.
Paulistanos têm narrado um aumento nos furtos e roubos de celulares por criminosos em motocicletas, fingindo ser entregadores de aplicativos, ou ainda usando bicicletas.