Médica que usou charlatanismo com cloroquina quer se eleger
Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Mayra, Nise, Raissa, Roberta e Maria Emília. Cinco médicas conhecidas pela defesa de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19 são pré-candidatas a vagas no Senado e na Câmara dos Deputados. Elas têm em comum o fato de terem ficado conhecidas durante a pandemia por conta da predileção pela cloroquina. Os anúncios das pré-candidaturas foram divulgadas pelas médicas por meio de redes sociais.
Mayra Pinheiro (PL-CE) ficou conhecida como Capitã Cloroquina, após participar do desenvolvimento de aplicativo do governo federal que recomendava o medicamento. A CPI da Covid pediu o indiciamento de Mayra por crime de epidemia com resultado de morte, prevaricação e crime contra a humanidade. Nas eleições deste ano, a cearense disputará vaga na Câmara. Ao anunciar a pré-candidatura em seu perfil oficial no Instagram, ela afirmou:
“Que em 2022 o Brasil possa ter no Congresso Nacional a mais corajosa representação feminina da sua história”. Em janeiro, a médica se manifestou a favor da decisão de Roraima de instituir os medicamentos hidroxicloroquina, cloroquina, azitromicina e ivermectina como protocolo.
Também com pedido de indiciamento pela CPI, na qual alegou que o “tratamento precoce” reduziu hospitalizações e mortes da doença, Nise Yamaguchi (PROS-SP) anunciou, ainda em dezembro, sua pré-candidatura ao Senado por São Paulo. Na ocasião, disse que se tratava de uma “batalha entre o bem e o mal” e que estava “disposta a enfrentar os desafios pós-Covid com ética, conhecimento científico e com a intenção verdadeira de salvar vidas”. A oncologista e imunologista tem 158 mil seguidores nas redes.
Pré-candidata ao Senado, Raíssa Soares (PL-BA) foi secretaria de Saúde de Porto Seguro (BA). Ela ganhou visibilidade após gravar vídeo em que pedia ao governo federal que enviasse o kit Covid a Salvador. Hoje, ela soma 160 mil seguidores no Instagram. Nas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) postou vídeo de apoio à candidatura.
“Ela que começou a ganhar notoriedade durante a pandemia e provou ser uma pessoa corajosa e destemida e agora tem aflorado também nas pautas conservadoras”, disse.
A infectologista Roberta Lacerda (PL-RN) ficou conhecida ao se posicionar contra a vacinação. Ela, que mira no Senado, chegou a citar supostos casos de câncer provocados pelo imunizante da Covid e teve a conta suspensa nas redes sociais. Já Maria Emília Gadelha (PRTB-SP) também criticou a vacinação, agradando a bolsonaristas. Em seu perfil nas redes sociais, promoveu lives com temas como “Vacina para Covid-19 e os riscos para a saúde” e divulgou ações contra o passaporte sanitário. Ela quer ser deputada federal.