Deputado estadual quer pôr “cabresto” em colega negra
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O Partido Socialismo e Liberdade (Psol) protocolou no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) um pedido de cassação dos deputados Gilmaci Santos (Republicanos) e Wellington Moura (Republicanos) por ofensas contra Mônica Seixas (Psol). Nesta segunda-feira (23/5), o presidente da Alesp, Carlão Pignatari (PSDB), disse à GloboNews que considera “inadmissível” as falas dos deputados Wellington Moura e Douglas Garcia.
“É inadmissível. Eu espero que o Conselho de Ética tome uma medida muito rígida aos dois parlamentares, para que a gente possa continuar fazendo com que essa Assembleia, o maior parlamento da América Latina, continue a defender a população, que é o que nós temos que fazer”,
Na quarta-feira (18/5), o parlamentar Wellington Moura (Republicanos) disse para a deputada que iria colocar um “cabresto em sua boca”. Cabresto é um arreio que costuma ser usado na boca de cavalos e foi usado em escravos. No dia anterior, Mônica já tinha sido chamada de “louca” pelo deputado Gilmaci Santos.
INACREDITÁVEL! O deputado Wellington Moura (Republicanos) disse durante sessão da Assembleia Legislativa de SP que, todas as vezes que for presidente da sessão, irá colocar um CABRESTO na deputada @MonicaSeixas. Esses “machões” de auditório acham que vão nos calar, mas não vão! pic.twitter.com/kKIDCIijK5
— Luana Alves (@luanapsol) May 18, 2022
CABRESTO: arreio de corda ou couro, sem freio ou embocadura e que serve para prender o animal ou para controlar sua marcha.
É assim que os machistas querem tratar as mulheres dessa casa. Não conseguirão nós colocar CABRESTO. Fomos eleitas e vamos denuncia-los! pic.twitter.com/geOm3eqGfC— Monica Seixas (@MonicaSeixas) May 18, 2022
A fala do deputado Wellington Moura ocorreu durante sessão que votaria a perda de mandato do deputado Frederico D’Ávila (PSL) por falta de decoro parlamentar por ele ter chamado setores da igreja Católica de pedófilos. A sessão foi interrompida e a deputada Mônica Seixas estava falando na tribuna sobre saúde pública quando o presidente da Assembleia disse que ela estaria desviando de assunto. Foi então que Wellington Moura disse colocaria o cabresto na boca da parlamentar para que ela parasse de falar. “Vou colocar um cabresto na sua boca”, disse. “Você não vai calar minha boca”, respondeu Mônica Seixas. “Vou, sim”, reafirmou.
Em nota, o deputado disse que não utilizou o termo com intenções racistas. “Quando me referi a deputada Mônica Seixas, me utilizei da palavra cabresto no contexto de dizer: algo que controla, contendo então as palavras dela na qual se utilizava para se manifestar ao deputado Douglas Garcia em um momento em que ela não poderia se manifestar”, disse.
A confusão com a deputada Mônica Seixas já tinha começado na sessão do dia anterior quando foi votada a cassação do ex-deputado Arthur do Val (União Brasil), por falas machistas contra refugiadas ucranianas.
Durante a sessão, o deputado Douglas Garcia (Republicanos) fez um discurso transfóbico contra a deputada Érica Malunguinho (Psol), uma mulher trans. O parlamentar disse que “quem é violenta e agressiva são as pautas defendidas pela deputada Malunguinho, quando ela defende a utilização de banheiros femininos por homens que se sentem mulheres”.
Foi quando Mônica Seixas foi à tribuna para falar que transfobia é crime. A parlamentar foi, então, interrompida por Gilmar Santos que a chamou de “louca” e chegou a colocar o dedo no nariz dela. O parlamentar negou que tenha agredido a parlamentar e disse que a chamou de louca pelo calor do momento. “Nós estávamos no Plenário em um debate acalorado, e no meio da discussão eu realmente disse ‘você é louca’, mas no contexto ali da situação. Porém, em momento algum encostei na deputada Mônica Seixas, a agredi. Isso é uma inverdade! Vamos acionar a Justiça com uma representação civil e criminal contra ela, por injúria, difamação e mentira. Nós temos imagens do ocorrido, e no momento oportuno vamos apresentá-las.”
— Monica Seixas (@MonicaSeixas) May 18, 2022