Doria desiste de passar vergonha e abandona corrida à presidência

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Foto: Reprodução

A pré-candidatura de João Doria à Presidência da República chegou ao fim, após uma sequência de embates dentro do próprio PSDB, onde se formou uma resistência ao nome do ex-governador de São Paulo na corrida rumo ao Planalto.

Doria recebe cúpula do PSDB para definir eleição

Em um pronunciamento no início da tarde desta segunda-feira (23/5), Doria confirmou que está fora da disputa presidencial em 2022.

“Entendo que não sou o candidato da cúpula do PSDB, e aceito. Sempre busquei e continuarei buscando o consenso, ainda que ele seja contrário a mim. Saio de coração ferido e de alma leve”, disse Doria, em discurso ao lado de sua esposa Bia Doria e do presidente nacional Bruno Araújo.

“Seguirei como observador sereno do meu país, sempre com a disposição de lutar a guerra para a qual eu fui chamado. Que Deus proteja o Brasil”, acrescentou Doria.

O anúncio ocorre após o PSDB, junto com o MDB e o Cidadania definirem em conjunto que devem apoiar Simone Tebet (MDB) para a eleição presidencial.

A saída de Doria é o desfecho de um processo de fragmentação do próprio PSDB. Não houve consenso no partido nem mesmo com a realização das prévias tucanas, em novembro de 2021, que resultaram na escolha de Doria como o pré-candidato.

O então governador de São Paulo enfrentou Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul naquele período, e o ex-senador Arthur Virgílio na eleição interna do PSDB que tinha por objetivo aparar as arestas e construir um consenso na sigla em torno de um único nome.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-senador José Serra chegaram a se posicionar a favor de Doria. Enquanto Geraldo Alckmin, que ainda integrava o partido, e o ex-governador Aécio Neves se mobilizaram na campanha a favor de Eduardo Leite.

Em 21 de novembro, data da eleição tucana, o aplicativo desenvolvido para registrar os votos apresentou falhas, o que resultou em acusações sobre uma suposta fraude no processo. Uma nova votação acabou sendo realizada seis dias depois.

Doria alcançou 53,99% dos votos, seguido por Leite, com 44,66%. Virgílio somou 1,35%.

“O PSDB sai desse processo muito maior do que entrou”, disse o presidente da sigla, Bruno Araújo, ao anunciar o vencedor.

Não foi bem assim. As desavenças internas prosseguiram.

Em 30 de março, numa tentativa de pressionar a cúpula do PSDB, Doria ameaçou não concorrer à Presidência e permanecer no governo de São Paulo.

Se mantivesse essa decisão, Doria praticamente inviabilizaria a candidatura de Rodrigo Garcia, o então vice-governador, que planejava alavancar seu nome justamente com a visibilidade do cargo de governador.

Na ocasião, Bruno Araújo divulgou uma carta de apoio a Doria em um gesto da direção do partido para encerrar a crise.

O reconhecimento público fez Doria manter a renúncia ao cargo de governador e seguir na disputa presidencial.

“Sim. Serei candidato à Presidência da República pelo PSDB”, discursou Doria em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, menos de 24 horas depois de iniciar seu plano para enquadrar a cúpula tucana.

O debate em torno de um nome da chamada terceira via persistiu e tive início uma mobilização para unir MDB e PSDB numa mesma chapa.

Nesse processo, a senadora Simone Tebet começou a ser defendida também por líderes do PSDB como o nome mais forte, com menos rejeição, para concorrer à Presidência – mesmo tendo ela um percentual de intenção de votos inferior ao de Doria, no atual momento.

Em uma reunião da executiva nacional do PSDB, realizada no último dia 17 de maio, integrantes do comando da sigla chegaram a defender a possibilidade de candidatura própria, mas com outro nome. O processo para eliminar Doria da disputa ganhava mais força.

Metrópoles