Emedebista do Piauí é cotado para finanças no próximo governo

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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Escolhido como relator-geral do Orçamento para 2023, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) é um aliado do PT. Um dos emedebistas assíduos em encontros recentes com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Brasília, caberá ao senador piauiense bater o martelo sobre as receitas e despesas a serem executadas pelo próximo governo.

A condução do processo, que deve se concluir apenas após a eleição de outubro, quando já se saberá quem presidirá o país pelos próximos quatro anos, poderá cacifar Marcelo Castro a um posto para o qual seu nome já vem sendo citado em conversas de bastidores: o de presidente do Senado em um eventual governo Lula.

Castro ficou com a vaga por indicação do MDB, maior bancada do Senado, liderada por Eduardo Braga (AM). Estavam no páreo ele e Fernando Bezerra Coelho (PE), que foi líder do governo de Jair Bolsonaro. Com Braga em atrito com o Palácio do Planalto por decisões relacionadas à Zona Franca de Manaus, a escolha recaiu sobre Castro.

O emedebista também terá de definir as emendas de relator (RP-9), montante que ficou conhecido como “orçamento secreto” por seu uso pelo governo para distribuir verbas a aliados em troca de apoio parlamentar.

A execução das verbas, que alcançaram R$ 36 bilhões em 2020 e 2021, chegou a ser suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas foi liberada após um movimento da cúpula do Legislativo do qual Castro participou: foi ele o relator do projeto de resolução que limitou as emendas de relator à soma das emendas impositivas de bancada e individuais, trazendo o montante para R$ 16,5 bilhões este ano.

Castro tem dito que o orçamento para 2023 só será definido em dezembro, após a eleição presidencial. Na hipótese de Bolsonaro sair derrotado, uma equipe de transição para o novo governo já estará trabalhando e é com ela que Castro quer acertar a destinação dos recursos.

Se esta equipe for de Lula, melhor ainda para os petistas e para o relator. Castro é bem visto no PT. Deputado por 20 anos, ele foi ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff (PT) e votou contra o impeachment da ex-presidente em 2016, contrariando a posição do seu partido – o MDB de Michel Temer ficou com o governo com a saída de Dilma.

Na campanha de 2018, sob o lema “lealdade, coerência e gratidão”, Castro elegeu-se senador, mesmo contra a onda bolsonarista. Ele fez parte da coligação “A Força com a Vitória do Povo”, encabeçada pelo então governador do Piauí, Wellington Dias (PT). Quem também se elegeu senador na chapa petista em 2018 foi o agora homem forte do governo do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Casa Civil Ciro Nogueira (PP).

Na velha guarda do MDB que tem dividido a mesa com Lula em jantares em Brasília, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) é o maior entusiasta de uma aliança entre PT e MDB já no primeiro turno e um nome natural nas apostas para o comando do Legislativo em um eventual governo Lula. Mas líderes das Casa ouvidos pelo Valor fazem outra avaliação: com o senador alagoano desgastado junto aos pares, o novo governo terá de buscar um nome que enfrente menos resistência. Castro é citado como alguém que teria aceitação em diferentes alas do Senado e o manejo do Orçamento pode ajudá-lo.

Valor Econômico