Lula não desistiu de Kalil em MG

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Foto: Mauro Pimentel/AFP – 16.1.2018 // Divulgação / Coligação Coragem e Trabalho

Em seu primeiro evento público depois do lançamento oficial da pré-candidatura, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu ontem a lisura do sistema eleitoral brasileiro e disse que seu principal adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL), contesta a urna eletrônica porque teme ser derrotado e ser preso.

Ao participar de um evento com centenas de apoiadores em Belo Horizonte, Lula voltou a tentar se mostrar como candidato de um “movimento amplo”, disse que a disputa contra Bolsonaro não será fácil e pediu o empenho dos militantes nas ruas, em busca de votos. O ex-presidente indicou que ainda busca costurar uma aliança com o PSD do ex-prefeito da capital mineira e pré-candidato ao governo, Alexandre Kalil, e disse que vai insistir no acordo eleitoral.

Lula não poupou críticas a Bolsonaro. Segundo o petista, o presidente é um adversário que representa a anti-democracia, o anti-desenvolvimento, “a ignorância, violência e o fascismo”. Depois de ressaltar que será uma eleição difícil, afirmou que o “povo brasileiro vai derrotar Bolsonaro” nas urnas.

“Vamos olhar e falar: Bolsonaro, seus dias estão contados. Não adianta desconfiar de urna. O que você tem é medo de perder as eleições e ser preso depois que você terminar as eleições”, disse.

Em um discurso improvisado, Lula cometeu uma indelicadeza com Alexandre Kalil, que não participou do evento, apesar de ter sido convidado. Logo no início de sua fala, o petista disse ser torcedor do Cruzeiro, time adversário do Atlético Mineiro, do que Kalil é cartola e foi presidente. Houve algumas vaias e aplausos.

O petista tenta costurar uma aliança com o PSD já no primeiro turno em Minas, apesar de entraves do partido com o PT. A aliança entre os dois partidos esbarrou na disputa pela indicação ao Senado. Lula e o PT apoiam o líder do partido na Câmara, deputado Reginaldo Lopes, para concorrer a senador, mas Kalil e o PSD querem a reeleição do senador Alexandre Silveira, que é aliado de Bolsonaro e presidente do diretório mineiro de Minas, em uma chapa “puro sangue” do partido.

Lula, no entanto, indicou que não vai desistir de buscar um acordo. “Eu voltarei muitas vezes a Minas Gerais. Voltarei muitas vezes. Nós temos que fazer muitas conversas, tem muita coisa que precisa ser acertada ainda. Ainda vamos ter que construir alianças no Estado. Estou com meu coração aberto, a minha alma aberta”, disse. Na sequência, citou sua mãe ao lembrar de um conselho dela. “Não desista, teime. E cá estou eu teimando junto com o povo de Minas para conquistar outra vez a independência do país, a liberdade do povo.”

Kalil evitou participar do evento ao lado do petista, em meio aos impasses. Ao conceder uma entrevista à Rádio Super ontem, no entanto, o ex-prefeito afirmou que não pretende apoiar o atual presidente na disputa presidencial. “Não vou com Bolsonaro porque meu espectro não é do Bolsonaro”, afirmou.

No discurso a aliados, num centro de eventos na capital mineira, Lula fez acenos aos jovens e às mulheres – que têm maior resistência a Bolsonaro, segundo as pesquisas – e prometeu recriar o ministério da Cultura. Hoje, Lula continua a agenda de eventos no segundo maior colégio eleitoral do país e visitará Contagem. Amanhã, irá a Juiz de Fora.

Valor Econômico