PDT não aceita “pressão externa” para Ciro desistir
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, reagiu à ofensiva recente do PT nos bastidores para retirada de Ciro Gomes (PDT) da disputa presidencial. O dirigente declarou ao Valor que o partido não aceita ofensiva externa do PT para pressionar pela desistência do pré-candidato pedetista.
“O PDT não aceita ofensiva externa ao partido. A candidatura do Ciro já foi confirmada duas vezes. Isso não faz parte da discussão”, afirmou. Ele ressaltou que a posição já foi oficializada pelas instâncias do partido.
A reação ocorre no momento em que lideranças petistas intensificaram diálogos com o PDT. Cresce também a pressão de aliados para que o pedetista apresente melhor desempenho nas pesquisas de intenção de voto.
O PT acredita que a saída de Ciro Gomes do páreo seria decisiva para a derrota do presidente Jair Bolsonaro no primeiro turno das eleições. Nas últimas semanas, Lupi havia mantido diálogo com o PT e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a pesquisa mais recente do Datafolha, divulgada no fim de março, o petista lidera a disputa presidencial com 43%, seguido por Bolsonaro com 26%. Ciro Gomes tinha 6% das intenções de voto.Levantamentos posteriores não mostraram variação significativa no patamar alcançado pelo pedetista.
Nas conversas com lideranças do PDT, petistas demonstram preocupação com o caminho traçado por Ciro Gomes até o momento de bater de maneira bastante enfática em Lula. Acreditam que a estratégia poderá prejudicar de alguma forma a migração automática de votos de Ciro para Lula num eventual segundo turno entre o petista e Bolsonaro.
No sábado, Ciro Gomes comentou nas redes sociais a estratégia do PT. “O gabinete do ódio do Lula está a mil, tentando de todos os modos minar a minha pré-candidatura. É a tática de sempre, mas que o Lula fique sabendo: eu vou enfrentá-lo.”.
Ciro tem reafirmado que a retirada de sua pré-candidatura seria um risco maior para Lula. Ele defende a tese de que a polarização aumentaria em um momento em que Lula estagnou e Bolsonaro se sustenta. “Porque a resiliência do genocida é menos ilógica do que aparenta. Ela está fortemente ancorada no antipetismo”, postou.
Desde o início do ano, prevendo fraco desempenho nas urnas e receosa com a renovação dos mandatos na Câmara e nas assembleias legislativas, parte da bancada do PDT pressiona por uma “flexibilização” dos palanques nos Estados. Em Minas Gerais, o pré-candidato do partido ao governo, Miguel Corrêa Júnior, aliás um ex-petista, chegou a declarar apoio a Lula.
A maior preocupação vem justamente de parlamentares da região Nordeste, onde a popularidade do ex-presidente é bastante elevada. O PDT tenta viabilizar no Maranhão a candidatura ao governo do senador Weverton Rocha e no Rio Grande do Norte o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves busca ser senador na chapa da governadora Fátima Bezerra (PT), que tentará a reeleição. Lupi tem reafirmado que é natural acordos eleitorais regionais e que, por isso, não há constrangimentos.