Sertanejo bolsonarista diz que dinheiro público que ganha não é público
Foto: Reprodução
O cantor Gusttavo Lima compartilhou um desabafo sobre as investigações envolvendo shows marcados em Conceição de Mato Dentro (MG), São Luiz (RR) e Magé (RJ). Após o acordo ser cancelado em Minas Gerais, o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) está analisando a apresentação marcada na Baixada Fluminense.
A prefeitura de Magé contratou o sertanejo na última quarta-feira para apresentação no aniversário de 457 anos da cidade, em 8 de junho, pelo valor de R$ 1.004.000,00 (um milhão e quatro mil reais).
Eu nunca me beneficiei de dinheiro público ou empréstimo. A minha vida foi sempre trabalhar, fiz quase 300 shows em 2019. Somos uma equipe gigantesca de colaboradores, que nos ajudam a subir sempre mais um degrau. Não compactuo com uso de dinheiro público, tenho meus impostos em dia.
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Em vídeo publicado no Instagram, o cantor afirmou que está “levando muitas pancadas” nos últimos dias e comentou os acordos feitos. Em Conceição do Mato Dentro, o cachê cobrado pelo artista foi de R$ 1,2 milhão.
“Todos os artistas fazem show de prefeitura. É sobre valorizar a nossa arte, é a nossa única coisa que temos para vender. Ganhamos dinheiro e pagamos nossas contas com isso. São mais de 500 funcionários que dependem de nós”.
Gusttavo Lima afirmou que as apresentações foram contratadas pelos valores normalmente cobrados. “Eu sou um trabalhador normal, como todos vocês”, destacou durante o desabafo.
“Não é por ser uma prefeitura que eu vou deixar de cobrar o meu valor. Eu também tenho minhas contas para pagar. Não é por fazermos música que precisamos receber menos”, argumentou.
“Estou sofrendo perseguições na minha vida pessoal e profissional. Estou cansado, quase jogando a toalha. É triste ser tratado como um criminoso, um bandido”, disse o artista chorando ao final do vídeo.
Splash localizou três dos cinco contratos de shows disponíveis no Portal de Transparência de Magé. Além do show de Gusttavo Lima por R$ 1 milhão, também se apresentam o cantor Belo, que firmou contrato em R$ 180 mil, e a Pastora Midian Lima, com cachê de R$ 75 mil.
O contrato milionário chamou atenção e o MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) recebeu denúncias para apurar a contratação e vai investigar.
“A 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Magé informa que a partir de representações/ouvidorias relativas aos gastos com a festa de aniversário da cidade de Magé, foi instaurado inquérito civil para apurar os fatos narrados nas denúncias”, informa o órgão em nota enviada hoje para Splash.
Na semana passada, o telejornal “RJ1” (TV Globo) também mostrou o valor já empenhado, ou seja, reservado pelo município para pagamento. Também foram exibidos os cachês de outras duas atrações: Marcelo Falcão (R$ 180 mil) e Comunidade Shalon (R$ 70 mil). Ao todo, a prefeitura contratou mais de R$ 1,5 milhão em shows.
Na última quarta-feira, o MPRR (Ministério Público de Roraima) também abriu investigação para apurar contratação de show do cantor Gusttavo Lima por R$ 800 mil na cidade de São Luiz (RR), distante 276 km da capital Boa Vista.
Já na sexta-feira (27), foi a vez do MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) abrir “notícia de fato” após receber denúncia questionando a regularidade das contratações de uma festividade em Conceição do Mato Dentro (MG).
Dentre as atrações estava Gusttavo Lima com cachê de R$ 1,2 milhão e Bruno e Marrone, que receberiam R$ 520 mil — no dia seguinte as duas atrações foram canceladas pela prefeitura.
Desde a semana passada, a equipe do cantor se pronunciou somente em relação à investigação em Roraima.
Na ocasião, em contato com Splash, a equipe jurídica do cantor enviou uma nota afirmando que o valor do cachê dele é “fixado obedecendo critérios internos, baseados no cenário nacional, tais como: logística (transporte aéreo, transporte rodoviário, etc.), tipo do evento (show privado ou público), bem como os custos e despesas operacionais da empresa para realização do show artístico, dentre outros fatores”.
A empresa que representa o cantor diz ainda que a equipe de Gusttavo Lima não pactua com ilegalidades cometidas por representantes do poder público e que não cabe ao artista “fiscalizar as contas públicas”.