Tebet conta com “caminhão de votos” do PSDB

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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Com a desistência do ex-governador João Doria (PSDB), a pré-candidata do MDB à Presidência, senadora Simone Tebet (MS), colocou-se ontem como principal nome para representar o autointitulado centro democrático na sucessão presidencial. Sem a presença de lideranças tucanas, e tendo ao seu lado os dirigentes do MDB e Cidadania, ela disse que espera contar com o apoio do PSDB em breve.

Sem Doria, o PSDB está dividido entre a candidatura própria e a aliança com o MDB. Nesse impasse, o nome do senador Tasso Jereissati (CE) desponta para assumir um dos dois papeis: de pré-candidato, substituindo o paulista, ou de vice de Tebet.

Em entrevista coletiva na sede do MDB, Simone Tebet usou o fato de ser a única presidenciável mulher para fazer um apelo à questão de gênero. “Mulher vota em mulher, porque mulher que tem sucesso, se empodera, empodera outra mulher”.

“De novo o Brasil clama e chama pelo centro democrático. A esse clamor o MDB grita presente, tendo ao lado o Cidadania, e em breve, não tenho dúvidas, o PSDB”, completou.

Ela voltou a minimizar a divisão no MDB, já que alas da sigla querem apoiar Bolsonaro, enquanto diretórios do Nordeste desejam marchar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Teremos a unanimidade nas convenções”, assegurou.

Num aceno aos tucanos, Simone Tebet citou quadros históricos do MDB que se projetaram na redemocratização do país e depois fundaram o PSDB, como Mário Covas. Em outro gesto, ressaltou que a vacina contra a covid só chegou aos braços dos brasileiros após iniciativa de Doria pela Coronavac.

Nesse ponto, Tebet afirmou que, na semana que vem, estará com “aliados de primeira hora, homens e mulheres de bem do PSDB”, e que essa construção está sendo feita pelos presidentes do MDB, Baleia Rossi, do Cidadania, Roberto Freire, em conjunto com o dirigente tucano Bruno Araújo.

Nos bastidores, um grupo de ex-dirigentes do PSDB, tendo à frente o deputado federal Aécio Neves (MG), movimentou-se para tentar convencer Tasso Jereissati a assumir uma pré-candidatura à Presidência. A ideia é que o tucano se movimentasse em convergência com Tebet e, somente em agosto, as duas legendas definissem qual dos dois encabeçaria a chapa. Se Tasso continuar resistindo a assumir esse papel, o grupo defende que ele seja o vice na chapa da emedebista.

No dia 2 de junho, a Executiva Nacional do PSDB vai se reunir para tentar solucionar esse impasse. Apesar dos rumores de um novo adiamento dessa reunião, a programação foi mantida. “Permanecerá inalterada a data da reunião da Executiva”, informou o partido em sua página oficial no Twitter.

Roberto Freire disse ontem que tudo caminha para que o PSDB apoie Tebet, mas é natural o processo de maturação interna do partido porque será a primeira vez que deixa de lançar um nome próprio para a disputa presidencial desde a sua fundação.

“Mas foi o PSDB que começou esse processo [da terceira via], inclusive. No ano passado eles que iniciaram as negociações por um nome único contra a polarização”, relembrou Freire.

Para Freire, Doria não abriu mão de sua candidatura para que o PSDB lançasse outro candidato no lugar, mas em nome da unidade da “terceira via” em torno de Simone.

Ontem foi publicado o CNPJ da federação a ser formada por PSDB e Cidadania para os próximos quatro anos. Falta a homologação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As decisões dos dois partidos, inclusive sobre quem apoiarão para a Presidência, terão que ocorrer de forma conjunta. O Cidadania terá um terço dos votos, e o restante será dos tucanos.

Na mesma entrevista coletiva, Simone Tebet criticou Bolsonaro por comemorar a operação policial que terminou com pelo menos 25 mortos na Vila Cruzeiro, zona norte do Rio de Janeiro.

“O que houve foi um massacre. O presidente da República ou o cidadão mais comum não tem o direito de festejar a morte de quem quer que seja”, observou.

Ela prometeu recriar o Ministério da Segurança Pública, se for eleita, e sustentou que a coordenação dessa área deve ser atribuição do governo federal.

Pelo menos 25 pessoas morreram nesta terça-feira numa operação do Bope e da Polícia Militar do Rio de Janeiro para prender traficantes em uma favela. Entre os mortos, segundo a PM, está a cabeleireira Gabrielle Ferreira da Cunha, alvejada dentro de casa em uma comunidade vizinha. A operação foi a terceira mais letal do Rio desde 1989, segundo especialistas.

Valor Econômico