TSE teme atentados de bolsonariscas contra ministros
Foto: Nelson Jr./STF
Na mira do Palácio do Planalto e da militância bolsonarista por conta das urnas eletrônicas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu reforçar a segurança de todos os seus integrantes, inclusive dos ministros substitutos.
A menos de cinco meses da realização das próximas eleições, um dos maiores temores da área de segurança do tribunal é com possíveis ataques inesperados dos chamados “lobos solitários” em um ambiente marcado pela forte radicalização política.
Essa possibilidade foi mapeada por equipes a que os ministros do tribunal se referem como “espiões do bem”, que monitoram as discussões da deep web sobre possíveis ataques cibernéticos, oferta de dados eleitorais – e ataques contra os magistrados.
Em agosto do ano passado, essa equipe detectou, por exemplo, que o então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, foi alvo de ameaças durante as articulações para derrubar a PEC do Voto Impresso, uma das principais bandeiras do presidente Jair Bolsonaro.
Mas o temor não se resume à esfera digital. No início deste ano, a residência de um integrante do TSE foi alvo de invasão, o que acendeu o alerta. O episódio, no entanto, não teve conotação política – e não houve feridos. Mesmo assim, a segurança foi reforçada.
“É uma cautela – e é natural que fiquemos sempre em alerta. Somos alvos. Somos somente sete, com uma responsabilidade muito grande”, comentou um ministro.
“É natural que ocorra essa preocupação com segurança, principalmente quando se avizinha o pleito, mas isso não significa que haja um ambiente de tensão com isso. Estamos apenas nos preparando para trabalhar com tranquilidade.”
Um dos receios da segurança do TSE é com os deslocamentos de ministros pelo país. Com o arrefecimento da pandemia, os magistrados voltaram a participar presencialmente de congressos, eventos – e alguns, como Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski, pegam voos comerciais para dar aulas em São Paulo.
A segurança dos ministros do TSE é comandada pelo delegado Disney Rossetti, da Polícia Federal, assessor especial de segurança e inteligência. Atualmente, quase todos os ministros titulares do TSE contam com equipe de segurança.
O Poder Judiciário tem um quadro próprio de segurança institucional (a Polícia Judicial) para fazer esse tipo de trabalho. Quando os magistrados participam de eventos, a segurança é reforçada por membros da Polícia Militar e das forças de segurança locais, por exemplo.
No segundo semestre do ano passado, ainda durante a presidência de Barroso, Rossetti se reuniu por videoconferência com os magistrados para apresentar o plano de atuação da segurança do tribunal, explicar compras que foram feitas para a área e falar sobre o monitoramento da deep web.
O TSE é um tribunal híbrido, formado por sete ministros titulares – três são oriundos do Supremo Tribunal Federal (STF), dois do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e outros dois juristas. Pela maior exposição pública, os ministros do STF que fazem jornada dupla com o TSE costumam ser mais conhecidos e visados e, portanto, contam com segurança especial.