Últimos testes com urnas eletrônicas eliminarão questionamentos
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Mesmo diante dos constantes questionamentos do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), que acabaram por se tornar ponto importante do debate público, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) segue o cronograma das eleições sem qualquer alteração no planejamento.
Na última semana, o chefe do Executivo voltou a colocar em dúvida os resultados eleitorais e a dizer que é necessário implementar as sugestões apresentadas pelas Forças Armadas ao TSE, para ampliar a confiabilidade do processo eletrônico de votação.
O presidente da Justiça Eleitoral, ministro Edson Fachin, no entanto, declarou que as mudanças consideradas indispensáveis já foram realizadas e que as urnas são seguras. “O voto é secreto, e o processo eletrônico de votação, conquanto sempre suscetível de aprimoramentos, é reconhecidamente seguro, transparente e auditável”, frisou.
A resposta do tribunal para os questionamentos das Forças Armadas sobre o processo eleitoral rendeu 700 páginas e foi divulgada em fevereiro.
De 11 a 13 de maio será feito o Teste de Confirmação. No evento, os investigadores que participaram do TPS, realizado de 22 a 27 de novembro de 2021, voltam ao TSE para conferir se as soluções aplicadas pela equipe técnica foram suficientes para aperfeiçoar os pontos encontrados anteriormente.
Em 30 de maio, a Corte Eleitoral publicará toda a documentação e as conclusões produzidas pela Comissão Avaliadora do TPS 2021. Em 12 de setembro, termina o prazo para que os sistemas eleitorais e programas de verificação desenvolvidos pelas entidades fiscalizadoras sejam lacrados, mediante apresentação, compilação, assinatura digital e guarda das mídias pelo TSE em Cerimônia de Assinatura Digital e Lacração dos Sistemas.
No ano passado, 26 investigadoras e investigadoras realizaram 29 planos de ataques contra as urnas eletrônicas e somente cinco deles tiveram algum tipo de “achado” relevante, que serão novamente executados no Teste de Confirmação após as melhorias implementadas pela Justiça Eleitoral.
Dos cinco participantes do TPS que conseguiram apontar falhas em fases iniciais do sistema das urnas, nenhum alcançou o programa das urnas em si. Agora, esses profissionais voltam para conferir as aplicações e certificar o aperfeiçoamento realizado.
Ataque ao painel da urna com uso de um teclado físico. Os especialistas conseguiram acoplar um novo painel, mas sem a capacidade de votar. Uma situação que precisaria de pessoas para trocar os painéis físicos, o que o tornaria improvável;
Os especialistas conseguiram desembaralhar o extrato de urna remetido ao TSE. O investigador conseguiu enviar um boletim de urna sem o embaralhamento. Não há consequências para as eleições;
Um grupo pulou uma barreira de segurança representada pela rede de transmissão, mas parou na porta da rede do TSE. Os técnicos estudaram como evitar essa quebra da primeira barreira e testarão de novo;
Houve ataque ao fone de ouvido da urna para quem tem deficiência visual, e a vocalização foi transmitida via bluetooth. Esse tipo de falha afetaria votos de pessoas com deficiência visual. Mas seria necessário ter um dispositivo acoplado em aparelhos próximos aos mesários;
A Polícia Federal acessou a rede do TSE, mas não conseguiu mexer em nenhum sistema ou mudar voto. Trata-se do ataque de mais relevância para correção.
Ao Metrópoles o TSE voltou a ressaltar que essa é uma etapa do calendário eleitoral e que “o Teste Público de Segurança (TPS) é um evento fundamental no processo de preparação das eleições e de aprimoramento da segurança do processo eleitoral. Ele é realizado desde 2009 e faz parte do calendário eleitoral”.