27% mudarão voto para Lula para encerrar eleição no 1o turno

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Foto: Reprodução

Jair Bolsonaro (PL) concede entrevistas em que diz ser impossível Lula (do PT) vencer no primeiro turno ou ser “quase impossível” que ele próprio não vença. Bem, ele sabe que não é assim. Está falando bobagem para animar a militância. Já foi informado de que sua situação eleitoral é muito ruim. E, sim, se a eleição fosse hoje, seu adversário poderia se sagrar presidente na primeira rodada. Por isso o desespero o levou — em companhia do Centrão — a elaborar um plano para baixar o preço dos combustíveis que vai eliminar pelo escapamento o valor correspondente à privatização da Eletrobras. Além de estourar de novo o teto.

Pesquisa Genial-Quaest de junho, divulgada há pouco, dá concretude a seu desespero. A exemplo do que afirmei quando tratei dos números do Datafolha, só há uma boa notícia para o atual presidente: a eleição não é hoje. Se fosse, seria eliminado de cara.

A Quaest fez duas mil entrevistas presenciais entre os dias 2 e 5 de junho, e a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

No levantamento espontâneo, Lula tem 32% dos votos, contra 20% de Bolsonaro. Ciro Gomes (PDT) marca apenas 1%. Em relação ao levantamento do mês passado, o ex-presidente cresceu quatro pontos, e o atual oscilou dois para baixo.

Foram testados três cenários estimulados. Em todos, o petista faturaria a eleição no primeiro turno. No cheio, com 13 candidatos, teria 46% das intenções de voto, contra 30% de Bolsonaro. Ciro marca 7%. Os únicos a pontuar foram André Janones (Avante), com 2%; Simone Tebet (MDB), com 1%, e Pablo Marçal (Pros), também com 1%. Como se nota, os adversários de Lula somariam 41 pontos.

Numa simulação com quatro candidatos apenas, o resultado é este: – Lula: 47% – Bolsonaro: 29% – Ciro: 9% – Simone Tebet: 3%

Se Simone não disputa, com Janones candidato, tem-se: – Lula: 48% – Bolsonaro: 30% – Ciro: 9% – Janones: 3%

A vantagem de Lula sobre Bolsonaro é de 16 ou de 18 pontos. No Datafolha, divulgado dia 26, era de 21 (48% a 27%). Não se comparam pesquisas distintas, mas se podem observar patamares. Consideradas as margens de erro, os dois institutos chegaram ao mesmo achado.

No segundo turno, Lula teria uma vantagem de 22 pontos sobre Bolsonaro: 54% a 32%. O pré-candidato do PT aparece com o mesmo percentual do mês passado; Bolsonaro oscilou dois pontos para baixo. No Datafolha, para comparar: 58% a 33%. Lembre-se de novo: dada a margem de erro, os achados são os mesmos. O petista venceria o pedetista por 52% a 25% e bateria Simone Tebet por 56% a 20%.

A Quaest sempre pergunta quem é o preferido do eleitor para vencer a disputa: 47% responderam que é Lula, e 28%, que é Bolsonaro. Só 19% dizem nem um nem outro. Dos que votam em Lula, 76% afirmam ser uma decisão definitiva. Dizem que podem mudar se acontecer alguma coisa apenas 23%. Os convictos de Bolsonaro são 71%, e 28% ainda veem chance de mudança.

Ciro pode comemorar um número: ele aparece como a segunda opção de voto de 26% dos entrevistados. Mas 38% do seu eleitorado dizem que poderiam votar no petista para lhe garantir a vitória no primeiro turno. O voto útil é o que o pedetista mais teme, daí que tenha intensificado os ataques ao ex-presidente. O risco é colher um resultado contraproducente, espantando eleitores. A ver. Do total dos entrevistados, 27% dizem que poderiam mudar o voto para assegurar a vitória de Lula já no dia 2 de outubro.

O instituto quis saber também o que o eleitor mais teme: 52% disseram ser “a continuidade Bolsonaro” no poder. Só 35% responderam que é “a volta do PT”. Dizem temer a ambos 5%.

Indagados se Bolsonaro merece um segundo mandato, 62% disseram que não. No mês passado, eram 58%. Já 54% disseram que Lula merece voltar a ser presidente (53% em maio); 43% disseram que não (antes, 44%). O atual presidente segue sendo o mais rejeitado: 60% dizem não votar nele de jeito nenhum. Em segundo lugar, está Ciro, com 52% (55% em maio). A rejeição a Lula caiu de 43% para 40%.

Dizem que Bolsonaro faz um governo ruim ou péssimo 47% dos entrevistados. Para 26%, é regular, e 25% dizem ser bom ou ótimo. Consideram o atual presidente pior do que esperavam 54%. O índice subiu seis pontos em relação ao mês passado. Afirmam não ser nem melhor nem pior 27%. E há 20% para os quais ele é uma surpresa positiva — no mês passado, 20%.

A pesquisa também traz recortes por renda, escolaridade, faixa etária e região. Fica para outros textos.

Como se percebe, também a Quest não traz boas notícias para Bolsonaro e para postulantes à vaga de candidatos “nem-nem”.

O presidente e o Centrão apostam na lambança dos combustíveis — soltar uma Eletrobras pelo escapamento — e em furar o teto já furado para reverter o quadro eleitoral.

Vamos ver. A economia é o principal problema do país para 44% — 23% dos quais apontam especificamente a inflação. O eleitor parece atento ao noticiário: saltou de 34% para 46% os que se dizem muito preocupados com a Covid. Também não é uma boa notícia para um presidente que, segundo 63%, mais errou do que acertou no combate à pandemia.

Nesta terça, Bolsonaro teve mais um surto golpista. Até agora, tem-se revelado um tiro no pé.

Uol