Agora França é pressionado por seu partido a desistir de candidatura
Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Lideranças do PSB querem reduzir a quantidade de candidatos a governador do partido. A iniciativa tem como meta liberar mais recursos para as campanhas de deputado federal. Atualmente, a legenda mantém dez nomes como postulantes nas eleições estaduais pelo Brasil, e dirigentes da sigla falam que o ideal seria que o número caísse para cinco.
O plano faz com que aumente a pressão para desistências de nomes como o ex-governador Márcio França, pré-candidato em São Paulo. São vistas como certas e mais competitivas as candidaturas de Carlos Brandão (Maranhão), João Azevêdo (Paraíba) e Renato Casagrande (Espírito Santos), que tentam a reeleição, e de Marcelo Freixo (Rio) e Danilo Cabral (Pernambuco).
Um dos trunfos de França na disputa paulista era contar com o ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Luiz Inácio Lula da Silva, como cabo eleitoral exclusivo. Na quarta-feira, a assessoria do pré-candidato do PT a governador, Fernando Haddad, divulgou que ele e Alckmin estarão juntos em uma agenda hoje numa cooperativa de laticínios do MST, em Andradina (SP).
Aliados de França dizem que Alckmin irá ao evento como representante da chapa presidencial e não para endossar necessariamente um apoio à pré-candidatura de Haddad. Na terça-feira, em um evento na cidade de Osasco, o pré-candidato a vice-presidente declarou apoio ao colega de partido, que estava ao seu lado: “é Márcio aqui e Lula lá”.
Para viabilizar a sua permanência na disputa, o pré-candidato do PSB ao governo paulista tenta conquistar partidos aliados. Atualmente, França está isolado. Ele negocia com o PSD, que está mais próximo do ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), com o União Brasil e com o PDT do presidenciável Ciro Gomes. Sem aliança, a continuidade na disputa é considerada difícil, reconhecem pessoas próximas a França, apesar de não impossível.
O ex-presidente Lula tem trabalhado para convencer o pré-candidato do PSB a apoiar Haddad e disputar o Senado. Na segunda-feira, em entrevista ao programa Roda Viva, França disse que a “tendência” é disputar o governo. A declaração elevou as incertezas sobre a sua permanência na disputa e foi considerada ruim por aliados.
Entre os dirigentes do PSB, a possibilidade de França se manter como candidato sem apoio de outro partido não é considerada sensata. Apesar disso, reconhecem que, dado o seu histórico de mais de 30 anos no partido, não haveria como dissuadi-lo caso essa seja a sua intenção.
Lógica parecida vale para Beto Albuquerque, pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul. A pressão sobre ele é maior e a sua saída da disputa é considerada mais provável. Porém, dirigentes da sigla dizem que a longa história de Beto no partido torna difícil uma intervenção para retirá-lo. PT e PSB concordaram em unir forças na eleição gaúcha, mas ainda debatem para saber se a cabeça da chapa ficará com Beto ou com o petista Edegar Pretto.
O fato de o pré-candidato do PSB ter se recusado a participar de um ato com Lula em Porto Alegre no começo do mês fez com que aumentasse a resistência do PT ao seu nome.
O PSB ainda tem a pré-candidatura a governador do senador Dario Berger em Santa Catarina. O entendimento é que Berger, porém, tornou a sua situação complicada ao não conseguir aliados. A tendência é de apoio ao petista Décio Lima, que tem a adesão de outras sete legendas. As pré-candidaturas de Jenilson Leite no Acre e de Vinicius Miguel em Rondônia também devem ser retiradas.
O PSB contará com R$ 268,9 milhões do fundo eleitoral este ano. O partido trabalha para aumentar a sua bancada na Câmara, atualmente com apenas 24 deputados.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, evitou comentar cada palanque:
— Ainda não decidimos candidatura de governador em alguns estados.