Campanha aproxima Bolsonaro e Mourão
Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
Depois de meses de desavença, a relação do vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) com o presidente Jair Bolsonaro (PL) parece viver dias de paz. Levantamento do Metrópoles mostra que após o general ter anunciado que disputará uma cadeira ao Senado Federal, os dois passaram a viajar juntos ao Rio Grande do Sul – estado pelo qual Mourão deve tentar uma vaga.
O general e o chefe do Executivo federal estiveram juntos em 3 das 4 visitas presidenciais ao estado. Nessas ocasiões, Bolsonaro permitiu que Mourão compusesse o palanque dos eventos oficiais.
Confira as agendas em que Mourão acompanhou Bolsonaro:
– 08/04: Cerimônia de Inauguração da Duplicação da BR-116 e da BR-392
– 08/04: Cerimônia por ocasião de Visita às Obras da Unidade de Radioterapia da Santa Casa de Caridade de Bagé
– 08/04: Entrega das obras de ampliação do Aeroporto Regional de Passo Fundo
No dia 7 de abril, Bolsonaro esteve no Rio Grande do Sul para participar da Feira Nacional da Soja. Havia previsão de que o vice-presidente participasse, mas isso não ocorreu. Mourão estava voltando de viagem ao Uruguai e não conseguiu chegar a tempo.
Mourão fora da chapa à reeleição
Após receber várias alfinetadas do presidente, Mourão anunciou em fevereiro deste ano que não comporia uma eventual chapa de reeleição.
Pouco mais de um mês depois, o vice-presidente se filiou ao Republicanos, em cerimônia na sede do partido.
Levantamento do Metrópoles aponta que até o fim do ano passado, o chefe do Executivo já havia alfinetado ou desautorizado Mourão em público ao menos 24 vezes desde o início do mandato.
Na última delas, o ex-capitão criticou a “autonomia” do general. Segundo Bolsonaro, o vice teria “vida própria”, e isso criaria problemas. Um dos indícios do desalinhamento é a queda do número de reuniões entre os dois. Os encontros entre o presidente e o vice caíram 85% de 2019 a 2021.
De acordo com Ricardo Caichiolo, professor de Ciências Políticas do Ibmec Brasília “não há dúvidas de que a aproximação do pleito eleitoral é o fator fundamental para a reaproximação” entre o presidente Jair Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão, porque mesmo que Bolsonaro o tenha rejeitado em certas ocasiões, ele sabe o peso político do general.
“Por um lado, o vice presidente exerce grande influência junto às Forças Armadas, especialmente o Exército, com quem convém a Bolsonaro manter uma relação harmônica, na medida em que os militares têm tido um papel fundamental em seu governo e terão, também, na corrida eleitoral”, explica o especialista.
Além do benefício que a união traz para Bolsonaro, segundo Caichiolo, Mourão também se favorece com a trégua, já que precisará de apoio político no estado.
“Para Mourão, o apoio do presidente em sua campanha ao Senado pelo Rio Grande do Sul mostra-se o único caminho possível, qualquer sinalização diferente representaria uma ruptura e isso não seria favorável ao vice-presidente nessa disputa que se revela bastante acirrada”, salienta o professor.
“A eleição de Mourão no estado será importante para Bolsonaro para fortalecer sua eventual base de apoio em caso de um segundo mandato”, completa.
Não foi à toa que após a filiação, o vice-presidente intensificou suas idas ao Rio Grande do Sul. Em contraste com 2020 e 2021, quando o general havia ido a 15 municípios – somando os dois anos -, apenas no primeiro semestre de 2022 Mourão já visitou o estado gaúcho em 19 ocasiões.
Neste ano, 27 senadores encerram seus mandatos, isto é, apenas um terço do Senado será renovado. Cada estado terá só uma vaga para senador. O vencedor da disputa permanecerá na cadeira até fevereiro de 2030. Por ser um estado natal de grande parte dos políticos de direita e centro-direita, as candidaturas dessas figuras serão maiores que a eleição passada.
De acordo com as pesquisas mais recentes, como a do Paraná Pesquisas, o vice-presidente aparece em primeiro lugar na expectativa de votos do eleitorado gaúcho, com 22,7% da preferência. O cenário não considera o nome do ex-governador Eduardo Leite. Com Leite, Mourão ainda se mantém em 1º, com 22%. Se a eleição fosse hoje, o general ganharia em três cenários.
Para o resultado, o Paraná Pesquisas realizou 1.540 entrevistas presenciais com eleitores de 62 municípios do Rio Grande do Sul entre os dias 15 a 20 de maio de 2022. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos e nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no TSE sob o número RS-05915/2022.