Cesar Maia deve subir em palanque de Lula
Foto: Domingos Peixoto e Leo Martins / Agência O Globo
A confirmação da viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Rio para um evento de formalização do seu palanque no estado, no próximo dia 7, fez a campanha de Marcelo Freixo (PSB) se mobilizar para que o ex-prefeito do Rio Cesar Maia (PSDB) esteja no palanque.
A ida de Cesar simbolizaria a chamada “frente contra o bolsonarismo”, movimento representado no Rio pela candidatura de Cláudio Castro (PL), além de ser considerado um ato histórico, após anos de embates entre o petista e tucanos.
Convidado para ser vice de Freixo, Cesar Maia ainda não se manifestou oficialmente. Enquanto isso, lideranças do PT e do PSDB tentam atrair para a aliança o também pré-candidato ao governo do Rio, Felipe Santa Cruz, e o seu padrinho político Eduardo Paes, ambos do PSD. Recentemente, Paes negou a Lula a possibilidade de retirar o nome de Santa Cruz da disputa ao governo, mas acenou com um palanque duplo para o petista.
Por isso, o assunto é tratado com cuidado: caso a presença de Cesar Maia, que também tem convite de Santa Cruz para ser vice, seja confirmada, a atitude pode ser interpretada como um “atropelo” às negociações e um rompimento definitivo com Paes. O evento está previsto para ocorrer num ato público na Cinelândia, no Centro do Rio, às 18h.
Lula já fez chegar ao ouvido de dirigentes petistas no estado que o evento vai ser só do PT com Freixo. Nenhuma liderança do PSB foi convidada até o momento. Além disso, está vetada a participação do pré-candidato do PSB ao Senado, o deputado Alessandro Molon — adversário do petista e presidente da Alerj, André Ceciliano.
Carregando debaixo do braço pesquisas de intenção de voto para o Senado que lhe posicionam como o candidato da esquerda mais bem colocado para a disputa, Molon ainda tenta convencer o PT a ceder a vaga na chapa de Lula no Rio.
O pessebista já conta com o apoio da federação Rede-PSOL para lançar seu nome. Porém, o PT vem aumentando a pressão sobre o parlamentar, ressaltando que o campo da esquerda deve caminhar com candidatura única ao Senado.
Na semana passada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que partidos que compõem uma coligação podem lançar mais de um candidato ao Senado. A decisão deixou em aberto a possibilidade de Molon manter sua candidatura ao lado da de Ceciliano.
Porém, a avaliação entre dirigentes petistas é que o partido não pode abrir mão de ter pelo menos um nome na disputa majoritária no Rio. Na segunda-feira, o PCdoB oficializou o apoio à pré-candidatura de Ceciliano. Ao GLOBO, o presidente do PT fluminense, João Maurício de Freitas, afirmou que o partido pode romper a aliança para apoiar Freixo na disputa ao governo do estado, caso o PSB não retire a candidatura de Molon ao Senado.
— Tenho certeza que a aliança será rompida se o acordo nacional não for cumprido. A decisão acertada foi o PSB indicar o candidato a governador (Freixo) e nós ao Senado (Ceciliano) — disse João Maurício, que prevê ainda para esta semana uma definição sobre a chapa no estado.
A mesma posição tem a direção nacional do PT. Presidente do partido, Gleisi Hoffmann insiste que não há como o PSB ficar com as duas vagas para as disputas majoritárias.
A candidatura de Molon ao Senado vem sendo esvaziada até mesmo dentro do PSB: único prefeito do partido no estado, o petropolitano Rubens Bontempo sinalizou voto em Ceciliano.
— Ceciliano foi o primeiro a prestar ajuda e solidariedade no momento mais delicado da recente tragédia em Petrópolis. Destinou R$ 30 milhões à cidade. Temos uma dívida de gratidão com ele. Não podemos deixar de estar com Ceciliano nesta caminhada — disse Bontempo em evento.
Nas redes sociais, houve outra longa declaração pública de apoio através de um texto em que destaca os esforços do petista para colaborar na recuperação da Cidade Imperial após a destruição provocada pelas chuvas.