Freixo quer conservador na chapa ao governo do Rio
Foto: Domingos Peixoto e Leo Martins / Agência O Globo
A pré-campanha do deputado federal Marcelo Freixo (PSB) ao governo do Rio entrou na disputa para ter o vereador Cesar Maia (PSDB), ex-prefeito da capital, como vice na chapa. A aproximação é bem vista pela equipe de Freixo, que busca ampliar o alcance da candidatura e vê em Cesar um administrador tarimbado, capaz de quebrar a resistência de parte do eleitorado à inexperiência do pessebista no Executivo.
Caso se concretize, a aliança replicaria a dobradinha feita na campanha ao Palácio do Planalto pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice em sua chapa, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB), e permitiria que o mote publicitário girasse em torno da “união de forças contra o bolsonarismo”, representado no Rio pela candidatura do governador Cláudio Castro (PL).
Atualmente, Cesar Maia também tem convite para ser vice na chapa encabeçada pelo ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz (PSD). No entanto, pessoas próximas à família Maia afirmam que o filho de Cesar e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (PSDB), endossa a aliança com Freixo, que está tecnicamente empatado com Castro na liderança das pesquisas de intenção de votos.
Por ter sido alvo frequente de Jair Bolsonaro (PL), enquanto ocupou a presidência da Câmara, interessaria a Rodrigo a posição de oposição aos ideais do presidente no estado da família. Questionado sobre a possibilidade de se coligar a Freixo, o vereador Cesar Maia não negou a negociação.
— Assuntos como este são conduzidos pelo deputado Rodrigo Maia.
Rodrigo e Freixo não comentaram a negociação para a aliança PSB-PSDB.
A possibilidade de Cesar Maia como vice de Marcelo Freixo é vista com bons olhos pelo PT, ao menos por dois motivos. O diretório do Rio resistia em apoiar Freixo por sua imagem muito ligada à esquerda, o que seria mais suavizado com a aliança com Cesar. O principal fator, porém, é indireto. Com a vaga de vice de Freixo entregue a outro partido, o PT ganharia um forte argumento na disputa entre o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT) e o deputado Alessandro Molon (PSB) pela vaga ao Senado na chapa. Com Freixo escolhendo um vice sem interferência do partido de Lula, a Executiva Nacional petista teria mais um argumento para pleitear na aliança com o PSB a saída de Molon do páreo.
Caso a aliança entre o PSB e o PSDB se confirme, a coligação representará uma baixa na campanha de Santa Cruz, apadrinhada pelo prefeito Eduardo Paes (PSD). Ao GLOBO, no mês passado, Santa Cruz disse que Cesar seria o responsável por coordenar o programa de governo e a comunicação da campanha, além de ser seu vice ideal. A campanha do ex-presidente da OAB rompeu com o PDT após divergências sobre o nome que encabeçaria a disputa e, atualmente, conta com o apoio do Cidadania.
Já o ex-governador Luiz Fernando Pezão (MDB), que voltou à articulação política neste ano, após afastamento por uma prisão e condenações que o deixaram inelegível, recebeu o governador Cláudio Castro em sua casa em Piraí, no Sul Fluminense.
Pezão, que tem ligado para deputados e prefeitos e pedido que declarem apoio a Ceciliano (PT) ao Senado, negou que esteja fazendo esforço pela reeleição do governador, a quem definiu como “um grande amigo”.
— Me dou muito bem com o atual governador, é um grande amigo, mas não estou trabalhando ativamente por ele, não. Ele estava em uma agenda na região e terminou lá em casa.