Freixo tenta estratégia “Lulalckmin” no Rio

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Foto: Leo Martins / Agência O Globo

Depois de migrar do PSOL para o PSB, ter o ex-prefeito Cesar Maia (PSDB) como vice seria o segundo passo concreto de Marcelo Freixo para ampliar sua candidatura ao governo para além da raia eminentemente de esquerda na qual percorreu sua carreira política. Se Cesar pode ser uma espécie de Alckmin fluminense, essa imitação da composição feita por Lula no plano nacional permite a Freixo dar nova mostra ao padrinho de sua candidatura de que não desviará da receita.

Não foram poucas as vezes, mesmo recentemente, em que petistas e outros aliados de Lula fizeram chegar ao ex-presidente a preocupação de que seu desempenho no Rio possa ser prejudicado pela parceria com Freixo. O ex-presidente atuou não só como padrinho, mas como garantidor da candidatura do deputado, impondo a aliança ao diretório fluminense do PT e até desprezando acenos do prefeito Eduardo Paes, sua antiga companhia carioca.

Embora de campos díspares, Freixo e Cesar não chegaram a rivalizar como protagonistas da política do Rio ao mesmo tempo. O deputado se elegeu pela primeira vez para a Alerj em 2006, assumindo o cargo no ano seguinte, já na segunda metade do último dos três mandatos do ex-prefeito.

Ser vice do candidato do PSB significaria para Cesar, porém, fazer campanha com Lula, algo inusitada pelo histórico de brigas desde os tempos em que um era prefeito e o outro, presidente.

A intervenção federal no sistema municipal de Saúde do Rio, promovida pelo governo Lula em 2005,é uma das principais mágoas de Cesar na sua carreira. À época, ele tentou barrar o movimento na Justiça, acusou uma motivação política no gesto e comparou o petista ao venezuelano Hugo Chávez, pela “vocação autoritária”. Seu partido, o PFL ainda antes de se rebatizar DEM, afirmou se tratar de uma tentativa de Lula de abater na raiz uma possível candidatura de Cesar à Presidência no ano seguinte.

O sentimento de desconfiança trafegou na via oposta logo depois. Cesar Maia ciceroneou Lula na abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Maracanã, onde o então presidente levou talvez a maior vaia pública de seu mandato. Lula e o PT atribuíram os apupos das arquibancadas a uma orquestração do prefeito. Seria uma forma de vingança pela intervenção federal que minou a aprovação de sua gestão.

Em depoimento à revista Época , em 2012, publicado sob o título de “Meu Erro”, Cesar Maia lembrou o episódio e lamentou não ter pedido uma audiência oficial com Lula para dizer que não havia articulado as vaias. Disse que depois do Pan “o presidente tornou-se agressivo” e que sempre aproveitava para criticá-lo publicamente. E contou que foi barrado por exigência de Lula da delegação brasileira na solenidade de escolha da sede das Olimpíadas de 2016.

Uma reconciliação entre a intervenção direcionada e a vaia orquestrada pode ocorrer onde em geral se encerram as desavenças políticas, no palanque eleitoral.

O Globo