Governador chama chacina da PM no Rio de “efeito colateral”
Foto: Wikimedia Commons
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), negou que tenha ocorrido uma “chacina” no Rio na semana passada, quando uma operação policial na Vila Cruzeiro deixou 23 mortos. Para ele, usar esse termo reflete uma “opinião pessoal”.
“Não houve chacina alguma (sic). O que houve foi uma operação que a polícia entrou às quatro e poucas (sic) da manhã e tem um bonde fortemente armado saindo. Eles tentaram fazer chacina com a polícia. Não há chacina nenhuma”, disse.
Segundo ele, “não há nenhum aspecto de chacina aqui”. “Infelizmente, tem hora que o efeito colateral da operação é esse. A gente não celebra esse tipo de morte, mas polícia está fazendo o trabalho dela”, afirmou Castro.
A incursão da polícia na semana passada foi a segunda mais letal do Estado, superada apenas pelo massacre do Jacarezinho, quando 28 pessoas morreram em 2021.
As declarações do governador aconteceram após reunião com o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), onte, em Brasília.
Durante o encontro, o ministro cobrou que sejam colocadas em prática as medidas determinadas pela Corte, no julgamento da chamada “ADPF das Favelas”, para diminuir a letalidade policial no Estado.
Em nota, o STF afirmou que Fachin reconhece que cabe ao governo “definir as metas e as prioridades do plano de redução da letalidade policial”, mas que “as exigências mínimas, constantes da decisão do Tribunal, devem ser observadas”.
Um dos pontos que preocupa o ministro é a escolha das unidades que vão receber as câmeras para serem instaladas nos uniformes dos policiais e o sigilo imposto sobre os arquivos de imagens.
Para Fachin, nos termos de normas internacionais, essas gravações devem ser prontamente disponibilizadas para os órgãos de controle.
Durante o encontro, Fachin relatou ainda ter recebido notícias de que defensores de direitos humanos estariam recebendo ameaças e solicitou ao governador que adotasse providências para garantir que eles pudessem trabalhar em segurança.
A nota sobre a reunião também diz que o Supremo reconhece o desafio que o Estado tem para fazer cumprir a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos e que a Corte “não medirá esforços para, em parceria com o Estado, buscar soluções concretas”.
Na semana passada, Fachin deu 30 dias para que o Estado avalie as sugestões de órgãos públicos e da sociedade civil, como o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para o plano de diminuição da letalidade policial.