Histórico de eleições mostra que 3a via já era

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Foto: Jorge William e Edilson Dantas/Ag. O Globo

Faltam quatro meses para as eleições. Ainda tem gente sonhando com uma terceira via, partidos continuam discutindo a possibilidade. Cada eleição tem uma história. Mas quem for olhar para a história das eleições desde 1989, tendo como base as pesquisas de intenção de votos, comprovará que nenhum candidato saiu de votações esquálidas para chegar ao segundo turno a exatamente 120 dias do primeiro turno.

Dados do Datafolha de 1989 a 2018 mostram que, desde a redemocratização, candidatos de esquerda e direita já dividiam o eleitorado em dois blocos a essa altura do campeonato, exatamente como acontece agora com o lulismo e o bolsonarismo. Nas oito disputas, nenhum azarão conseguiu se cacifar para o segundo turno depois de junho.

Em cinco ocasiões em que as votações chegaram a uma segunda etapa (1989, 2002, 2010, 2014 e 2018), somente na primeira houve chance para uma candidatura que, a quatro meses do pleito, ocupava o terceiro lugar nas pesquisas.

Em julho de 89, com primeiro turno marcado para novembro, Fernando Collor liderava o Datafolha com 38%, seguido por Leonel Brizola com 12% e os empatados Maluf (7%), Lula e Mário Covas (os dois com 6%). Mas neste caso, o segundo colocado, Brizola, tinha cerca de metade das intenções de votos que o atual vice-líder, Jair Bolsonaro, possui. Ou seja, não era uma polarização tão marcada. E Lula, que acabou indo ao segundo turno, tinha três vezes o percentual que Simone Tebet hoje apresenta — embora seja um número semelhante ao de Ciro Gomes.

Nos outros momentos da política nacional, a situação na ponta de cima da tabela só se modificou depois de junho quando as peças do tabuleiro foram trocadas.

Em 2014, Eduardo Campos (7%) estava atrás de Dilma Rousseff (34%) e Aécio Neves (19%), a quatro meses da eleição — a substituta dele, Marina Silva, ultrapassou o tucano dois meses depois e, antes de perder para ele nas urnas, empatou com Dilma em outubro nas pesquisas.

Há quatro anos, em 2018, Lula tinha a preferência de 30% dos entrevistados pelo Datafolha em junho, contra 17% de Bolsonaro, 10% de Marina Silva e 6% de Ciro Gomes. O pedetista até despontou como uma opção de voto útil contra os dois primeiros colocados (sendo que Fernando Haddad acabou indicado para o lugar de Lula), mas morreu na praia com 12% dos votos.

O Globo