Inflação vai interromper crescimento
Foto: Ag. O Globo
O país cresceu no primeiro trimestre, como se esperava, mas o número de 1% ficou abaixo do que se aguardado. Os serviços puxaram para cima, mas a agropecuária ficou negativa. Esse crescimento é melhor do que se projetava meses atrás, mas a taxa de investimento caiu um ponto percentual indicando a fraqueza da economia. O atual trimestre deve ser positivo, mas pesa uma grande incerteza sobre o segundo semestre, muitos economistas estão prevendo recessão. Em resumo: o país melhorou, mas a inflação alta impedirá que esse crescimento continuará durante todo o ano.
O resultado do trimestre ficou na faixa menos positiva do mercado. Havia várias previsões em números maiores. O Bradesco achava que a alta seria de 1,7%, a LCA, 1,6%, o Itau, 1,1%, a XP tinha 1,4%. A mediana das previsões das instituições ouvidas pelo Valor estava em torno de 1%. O economista Roberto Padovani, do BV, disse que as previsões do banco estavam mesmo em torno do que aconteceu. Mas ele também diz que a incerteza internacional e a inflação tornam as previsões mais pessimistas para o fim do ano.
O destaque negativo do PIB foram os investimentos. As quedas foram fortes, em relação ao quarto trimestre (-3,5%) e também na comparação com o primeiro trimestre de 2021 (-7,5%). Com isso, a taxa de investimentos voltou a cair na comparação anual, de 19,7% para 18,7%. A equipe econômica vinha comemorando a recuperação dos investimentos, justificando que isso era resultado das reformas microeconômicas aprovadas pelo Congresso.
O que explica o resultado positivo é a reabertura da economia, com o alívio na pandemia. Por isso os serviços é que puxaram o número positivo. Mas os fatores climáticos afetaram a agropecuária que teve queda de 0,9%.
Para Claudio Considera, da FGV, o resultado mostra o espaço que o setor de serviços tinha para crescer. No segundo trimestre, ainda pode ser positivo, mas cai no segundo semestre, pois a inflação impacta o poder de compra das famílias, analisa ele. O Monitor do Ibre também projetava crescimento de 1,5%.
Para concluir: o pior do pessimismo em relação ao ano foi corrigido, e o país cresceu. Mas menos do que as últimas projeções indicavam. É um bom resultado, mas quando convidados a olhar para a frente os economistas dizem que o segundo trimestre pode ser também positivo, mas o segundo semestre não há nada garantida. A economia está fraca e a inflação é o grande fator de corrosão da atividade econômica e isso se agrava com a escalada dos juros.