João Santana trabalhará para PDT de SP
Foto: PDT
Escolhido pelo PDT para ser o pré-candidato a governador do partido em São Paulo, o ex-prefeito de Santana de Parnaíba (SP) Elvis Cezar deixou o PSDB depois de 19 anos de filiação para embarcar em um projeto que conta com consultoria do publicitário João Santana e confere palanque ao presidenciável Ciro Gomes (PDT) no Estado que concentra o maior colégio eleitoral do país.
Em entrevista ao Valor, Cezar diz que espera contar com verba eleitoral de R$ 10 milhões para sua campanha, que tem como principal desafio tornar o ex-prefeito conhecido do eleitorado paulista – atualmente ele figura com cerca de 1% das intenções de voto, conforme levantamentos mais recentes.
“Não tem essa história de replicar em São Paulo o quadro nacional de polarização. O voto sedimentado no Bolsonaro no Datafolha é 28%. O candidato do Rio de Janeiro [Tarcísio de Freitas (Republicanos), pré-candidato do bolsonarismo] tem 4% e eu tenho 1% na espontânea. Como isso retrata polarização?”, indaga.
É a segunda vez que o PDT investe em um prefeito da região metropolitana de São Paulo para disputar o Palácio dos Bandeirantes. Em 2018 a aposta naufragou, porque o então candidato Marcelo Candido, ex-prefeito de Suzano, teve a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral porque, à época, tinha condenação segunda instância por improbidade administrativa.
O trabalho de João Santana, no entanto, vai priorizar a campanha de Ciro Gomes, terceiro colocado nas últimas pesquisas de intenção de voto, atrás do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Santana, que ganhou notoriedade por atuar em campanhas presidenciais do PT, fará algumas consultorias a Cezar, segundo informou a assessoria de imprensa do ex-prefeito. O pré-candidato a governador do PDT espera que as peças de campanha “possam atender às dores gerais e específicas” do eleitor de São Paulo. “A campanha aqui vai ser muito acoplada com a do Ciro”, diz.
Cezar afirma que deixou o PSDB porque se “desencantou” com a cúpula do diretório estadual tucano em São Paulo, principalmente com o ex-governador João Doria e com o atual governador e pré-candidato à reeleição, Rodrigo Garcia.
“As minhas colocações sobre retomada econômica [durante a pandemia] não encontraram espaço. Nos últimos seis anos eu ganhei prêmios de gestão pública como melhor prefeito do Brasil, filiado ao PSDB. Mesmo assim não fui ouvido. Não havia razão para ficar no partido”, diz.
Para o pré-candidato a governador, a campanha estadual será pautada por emprego e renda. “Quero gerar crédito para as pessoas em situação de necessidade, para as mulheres empreendedoras, sobretudo aquelas das áreas do estado em situação de maior vulnerabilidade”.
O ex-prefeito defende que as tarifas de pedágio no estado sejam revistas e propõe que os contratos de concessão sejam submetidos a auditorias. “Tem de auditar praça por praça e acompanhar o equilíbrio econômico-financeiro. E se estiver tudo regular, indeniza a concessionária e rebaixa a tarifa”.
Cezar nega a hipótese de sua pré-candidatura ser retirada em razão de atender a uma lógica nacional, uma vez que Ciro Gomes permanece politicamente isolado.
“Só se eu morrer antes do prazo de registro da candidatura”, ironiza o ex-prefeito.