Nota do Exército dizendo que não procura desaparecidos irrita as redes

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Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Na noite desta segunda-feira (6), quando o desaparecimento do jornalista Dom Phillips e do indigenista da Funai Bruno Araújo já ultrapassava as 30 horas desde a notificação às autoridades, uma nota à imprensa assinada pelo Comando Militar da Amazônia (CMA) do Exército Brasileiro causou revolta e indignação nas redes sociais.

Reposta à imprensa CMA

Sem nomear Dom ou Bruno —referidos apenas como “um jornalista inglês” e “um indigenista” —a nota afirma que o CMA “está em condições de cumprir missão humanitária de busca e salvamento, como tem feito ao longo de sua história”. “Contudo”, continua, “as ações serão iniciadas mediante acionamento por parte do Escalão Superior”.

 

A nota termina agradecendo a “confiança depositada nas Forças Armadas”. E usuários questionam onde está o senso de urgência da instituição.

 

A passividade do Exército diante do caso deixou perplexos àqueles que esperavam o pronto envolvimento das autoridades neste caso de repercussão internacional, em que “cada minuto conta”, como afirmou Sian Phillips, irmã do jornalista colaborador do Guardian, em seu apelo às autoridades brasileiras.

 

A Terra Indígena Vale do Javari, onde Dom e Bruno desapareceram no trajeto entre a comunidade de São Rafael e Atalaia do Norte, tem sido frequentemente alvo de invasões de garimpeiros ilegais.

Segundo a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) e o Opi (Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato), Bruno estava sob ameaça antes de desaparecer.

A nota do Exército brasileiro chamou atenção de estrangeiros, que entenderam que a instituição admitia, então, que não havia entrado nas buscas. “Vergonha” e “chocante” são alguns dos termos usados para classificar a resposta.

 

Algumas horas depois, em outro comunicado à imprensa, o CMA afirmou que “desencadeou uma operação de busca na região de Atalaia do Norte (AM), empregando uma equipe de militares combatentes de selva, utilizando a embarcação Lancha Guardian”.

Nas redes, o anúncio, horas depois da nota em que a o órgão afirmava depender de autorização “do alto escalão”, foi recebido como um recuo “antes tarde do que nunca”.

 

Na manhã desta terça-feira (7), a Marinha informou que está atuando nas buscas empregando o uso de um helicóptero do 1º Esquadrão de Emprego Geral do Noroeste, duas embarcações e um jet ski.

A Polícia Federal disse que as diligências serão “divulgadas oportunamente”. Junto com a Polícia Civil, vai auxiliar o trabalho de inquérito, entrevistando pessoas da região em busca de informações sobre o paradeiro da dupla. Policiais militares reforçam as buscas, segundo o governo estadual.

Folha