TSE enfureceu Bolsonaro rejeitando “sugestões” dos militares
Foto: REUTERS/Guga Matos
A guerra travada pelo presidente Bolsonaro contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) teria chegado próxima de um fim no mês passado, pelo menos na avaliação de integrantes do Palácio do Planalto. No início de maio, ministros do governo chegaram a levar ao presidente a leitura de que a corte deveria acatar cinco das sete novas sugestões feitas pelas Forças Armadas sobre o processo eleitoral.
Naquela ocasião, uma grande movimentação foi feita por ministros do governo com trânsito junto a magistrados das cortes superiores. Nessas conversas, o argumento levado foi que seria importante que o TSE acatasse as sugestões dos militares para serenar os ânimos de Bolsonaro. Esses membros do governo saíram dessas discussões com a certeza de que o TSE iriai se curvar à pressão do governo e aos pedidos dos militares.
A resposta do presidente do TSE, Edson Fachin, feita em 9 de maio, no entanto, rejeitou as propostas. A corte eleitoral negou assertivamente três sugestões e afirmou que as demais já eram aplicadas nas eleições. Desde então, a possibilidade de Bolsonaro baixar o tom contra o tribunal é apontada como remota no Palácio.
A temperatura segue alta. Há duas semanas, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, enviou um ofício a Fachin no qual disse que as Forças Armadas não se sentiam “prestigiadas” no debate sobre as eleições. O magistrado respondeu com a afirmação de que é “necessário diálogo institucional” como meio para fortalecer a democracia e, na última quarta-feira, a pasta enviou um documento com tom mais ameno para pedir um encontro entre técnicos militares e do TSE. Fachin respondeu reiterando o convite para as Forças Armadas participarem da reunião da Comissão de Transparência Eleitoral nesta segunda-feira, às 15h.
No governo persiste a avaliação de que Bolsonaro seguirá com ameaças golpistas se as medidas propostas pelos militares não forem adotadas. O TSE já divulgou dados que mostram que acatou total ou parcialmente dez das 15 propostas feitas pelas Forças Armadas. Integrantes da corte hoje apresentam resistência em mudar as regras do pleito a quatro meses de sua realização, até porque há total confiança na segurança das urnas.