Bolsonaro diz que assassino gritar seu nome não tem importância
Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que não tem “nada” a ver com o assassinato de um militante petista em Foz do Iguaçu, cometido na noite de sábado por um simpatizante do governo federal.
— Agora, o que eu tenho a ver com esse episódio de Foz Iguaçu? Nada — questionou Bolsonaro, em entrevista no Palácio do Planalto.
Questionado sobre se o clima político do país não contribuía para um episódio como esse, o presidente disse ser “contra qualquer ato de violência”:
— Somos contra qualquer ato de violência. Eu já sofri um (ato) disso na pele. A gente espera que não aconteça, obviamente. Está polarizada a questão. Agora, o histórico de violência não é do meu lado. É do lado de lá.
O guarda municipal Marcelo Arruda foi morto na noite de sábado pelo agente penal agente penal José da Rocha Guaranho, apoiador do presidente Jair Bolsonaro. Arruda comemorava seu aniversário em uma festa com a temática do PT.
Mais cedo, Bolsonaro havia minimizado o caso, afirmando que houve uma “briga de duas pessoas” e reclamando de quem se refere ao autor do crime como “bolsonarista”.
O presidente afirmou também que “ninguém fala” que Adélio Bispo de Oliveira, que o esfaqueou durante a campanha eleitoral de 2018, “é do PSOL”. Adélio foi filiado ao partido entre 2007 e 2014, fato amplamente noticiado.
— Vocês viram o que aconteceu ontem, uma briga de duas pessoas, lá em Foz do Iguaçu. “Bolsonarista”, não sei o que lá. Agora, ninguém fala que o Adélio é filiado ao PSOL — disse o presidente, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada.
Arruda foi morto na noite na noite de sábado, enquanto comemorava seu aniversário em uma festa com tema do PT. O guarda municipal reagiu ao ataque e atirou contra Guaranho, que, segundo a Polícia Civil do Paraná, está no hospital sob custódia.
O agente penal exibe apoio constante a Bolsonaro em sua conta no Twitter e segue um “script” comum a outros apoiadores do presidente nas redes sociais.
Na noite de domingo, Bolsonaro já havia comentado o caso. O presidente pediu para que, “independente das apurações”, os seus eleitores que apoiarem “quem pratica violência contra opositores mude de lado e apoie a esquerda”.
Na manhã desta segunda-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o assassinato de Arruda “não é preocupante”, e que não há elementos para classificar o caso como ato político.
— Evento lamentável. Ocorre todo final de semana em todas as cidades do Brasil, de gente que provavelmente bebe e aí extravasa as coisas. Todas da área policial ali, um era guarda municipal, o outro era agente penal. Vejo de uma forma lamentável isso daí — disse Mourão, ao chegar no Palácio do Planalto.