Bolsonaro é coautor da violência de seus fanáticos

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Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Lula foi obrigado a usar um colete à prova de balas para escapar de um eventual atentado no ato público de apoio à sua candidatura a presidente da República realizado no início da noite de ontem, no centro do Rio. Antes de ele aparecer no palanque, uma bomba caseira, repleta de fezes, foi jogada contra a multidão ali reunida.

Horas antes, em Brasília, o carro do juiz federal Renato Borelli, autor do mandado de prisão contra o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, foi atingido por fezes de animais, terra e ovos que cobriram parte do vidro dianteiro. O juiz estava ao volante. Ele tem sido ameaçado por grupos que apoiam Ribeiro.

Na quarta-feira (6), por volta das 22h30, um tiro atingiu o prédio do jornal Folha de S. Paulo no centro da capital paulista. O projétil perfurou uma das janelas da redação, que fica no quarto andar. Jornalistas que estavam no local ouviram o som do estampido. Ninguém foi ferido e a polícia investiga o fato.

Enquanto isso, em sua live semanal, Bolsonaro anunciou que convocará na próxima semana todos os embaixadores estrangeiros para falar da fragilidade das urnas eletrônicas no Brasil e apontar falhas na atuação de três ministros do Tribunal Superior Eleitoral: Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes.

Nunca na história do Brasil um presidente fez algo parecido – tentar desacreditar perante o mundo o sistema eleitoral do seu próprio país e falar mal de ministros de um tribunal superior. E sem apresentar uma única prova de que o sistema pelo qual se elegeu deputado cinco vezes e uma presidente é sujeito a fraude.

Bolsonaro fez um alerta cifrado aos seus seguidores:

“Se o pessoal do Comando de Defesa Cibernética do Exército detectar fraude não vai valer de nada esse trabalho porque o sr. Fachin já declarou que isso não muda o resultado das eleições. Não preciso aqui dizer o que estou pensando, o que você está pensando. Você sabe o que está em jogo, e você sabe como se preparar, não para um novo Capitólio, ninguém quer invadir nada, mas nós sabemos o que temos que fazer antes das eleições”.

O Capitólio é o prédio do Congresso americano, em Washington, invadido no dia 6 de janeiro do ano passado por apoiadores de Donald Trump, derrotado nas eleições dos Estados Unidos. Trump estimulou a invasão para invalidar o resultado das eleições. Não queria desocupar a Casa Branca, mas foi forçado a sair de lá.

Trump não contou com o apoio dos militares para dar o golpe que pretendia, mas Bolsonaro espera poder contar, caso não se reeleja em outubro próximo.

Metrópoles