Caixa escolhe advogados para investigar assediador
Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles
Quase um mês após a reportagem da coluna que trouxe à luz as acusações de assédio sexual e moral que derrubaram o então presidente da Caixa, Pedro Guimarães, o banco finalizou nesta semana a contratação de um escritório de advocacia para fazer uma investigação independente sobre os casos.
O contrato foi assinado na última segunda-feira e estabelece que o escritório Machado Meyer terá a tarefa de apurar um total de 78 denúncias de assédio recebidas pela Corregedoria da Caixa de 2019, quando Guimarães assumiu a presidência do banco, até hoje.
A maior parte dessas denúncias foi feita após a eclosão do escândalo e a mudança no comando da instituição.
A apuração independente foi um compromisso assumido publicamente pela nova presidente da Caixa, Daniella Marques. O Ministério Público Federal e o Ministério Público do Trabalho também têm investigações em curso.
O contrato prevê que, para executar o trabalho interno na Caixa, a banca contratada terá acesso a um acervo de 20 mil documentos, incluindo arquivos e e-mails corporativos, 50 computadores e seis aparelhos celulares que haviam sido fornecidos aos funcionários envolvidos nas denúncias.
Para além das acusações contra Pedro Guimarães, pelo menos um vice-presidente do Caixa foi acusado de acobertar os casos. Ele e outros 25 dirigentes foram desligados pela nova presidente do banco.
O escritório ainda fará até 50 entrevistas com denunciantes, denunciados e testemunhas e a poderá contratar uma empresa especializada em tecnologia forense para ajudar a coletar provas nos aparelhos eletrônicos usados pelos acusados e pelas vítimas.
Chama atenção o prazo estabelecido para a execução da tarefa: o escritório contratado pela Caixa terá dois meses para concluir a investigação independente e apresentar um relatório final para a cúpula do banco.
O serviço foi contratado de forma emergencial, sem licitação, pelo valor de R$ 779,5 mil.
Com sede em São Paulo, o Machado Meyer atua em mais de duas dezenas de ramos do direito — desde as áreas trabalhista e ambiental até o direito penal empresarial. A banca lista ainda entre suas especialidades “inteligência jurídica” e gerenciamento de crises.
“Somos parceiros de confiança, aliados na busca das soluções jurídicas mais adequadas às necessidades de cada cliente (…) Nosso propósito é fornecer inteligência jurídica que alavanque oportunidades e ajude a preservar e criar valor para seus negócios”, diz o texto de apresentação do escritório.
Também neste mês, a Caixa contratou a Ernst & Young, uma das maiores empresas de consultoria e auditoria externa do mundo, para avaliar e aprimorar o sistema de controle interno da Caixa. O trabalho prevê o treinamento da equipe encarregada de fiscalizar todos os procedimentos do banco e deve durar três meses, ao custo de R$ 1,2 milhão.