Centrão adota velha prática de trocar votos por ninharias
Foto: Karime Xavier / Folhapress
Entregues nas mãos do Centrão pelo presidente Jair Bolsonaro, dois dos principais órgãos do governo criados para levar melhores condições de vida a habitantes de regiões carentes do país têm sido usados por parlamentares para distribuir caixas d’água seguindo critérios políticos, sem qualquer controle de quem recebe, e com suspeitas de superfaturamento.
A situação se dá num cenário em que a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) tiveram os orçamentos para comprar este tipo de equipamento turbinados em 60% nos últimos dois anos.
Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) nesses gastos apontou que o próprio Dnocs não soube dizer onde foi parar o material que deveria ser usado pela população para estocar água em regiões assoladas pela seca. A Codevasf também admite não saber se os reservatórios, adquiridos com dinheiro público, foram ou não instalados na casa de alguém que precisa.
Em comum, Codevasf e Dnocs são controlados por nomes indicados por caciques do Centrão, bloco de partidos que dá sustentação política a Bolsonaro e tenta reelegê-lo.
Veja, em reportagem exclusiva para assinantes, mais detalhes sobre a relação dos órgãos com o Centrão e sobre o levantamento, feito pelo GLOBO, que apontou que o número de doações de caixas d’ água praticamente triplicou desde o início do governo e, apenas de 2020 para 2021, aumentou 43%. Entenda também o tipo de transferência usada para adquirir as verbas, que tem menor fiscalização e menos burocracia.