Cesar Maia subirá em palanque com Lula

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Foto: Wikimedia Commons

Confirmado como candidato a vice do deputado Marcelo Freixo (PSB) ao governo do Rio, o vereador tucano Cesar Maia não tem restrições em subir ao palanque com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Não vejo problema”, disse Maia ao ser perguntado sobre dividir o palanque com Lula. Em entrevista por escrito ao Valor, o patriarca dos Maia falou sobre a aliança com Freixo, que tem apoio explícito de Lula, e do rompimento com o prefeito Eduardo Paes (PSD). A chapa de Freixo e Cesar Maia será sacramentada amanhã, quando os dois candidatos vão fazer declarações à imprensa em evento que terá a presença de Rodrigo Maia, filho de Cesar e presidente da federação PSDB-Cidadania, no Rio.

Aos 77 anos, Cesar Maia foi prefeito da capital fluminense por três mandatos (1993 a 1996 e 2001 a 2008) e tentou, sem sucesso, se eleger três vezes para o Senado (2010, 2014 e 2018). Na eleição deste ano despontou como ativo político disputado entre Freixo e Paes, que declarou apoio a Rodrigo Neves (PDT) na corrida estadual depois de ver frustrado o plano de lançar o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz.

A decisão por uma dobradinha com Freixo foi 100% de Rodrigo Maia, reconheceu Cesar, é fruto de uma avaliação política do cacique tucano. A família Maia tem um histórico de idas e vindas com Eduardo Paes. Na eleição desse ano os antigos parceiros voltarão a caminhar separados por uma “uma avaliação política de Rodrigo”, nas palavras de Cesar Maia.

O vereador disse, no entanto, que o rompimento com Paes é para essa eleição e que o futuro “depende das circunstâncias”. “Outra decisão só fortaleceria a direita atrasada”, respondeu sobre o apoio dado a Freixo. Acrescentou que Rodrigo Maia e Paes são amigos e que o filho “nunca municipalizou os argumentos para esta eleição”.

Pupilo de Cesar Maia quando começou na política, nos anos 1990, Paes se elegeu prefeito pela primeira vez em 2009 com campanha de oposição à candidata de Cesar, Solange Amaral. Em 2012, Paes e Rodrigo Maia chegaram a se enfrentar na disputa pela prefeitura do Rio e a reaproximação só aconteceu na campanha de 2014 com Paes, à época, no MDB e os Maia, no DEM. Em 2018, Cesar Maia foi candidato ao Senado pelo DEM na mesma chapa que lançou Paes ao governo do Estado. Nenhum dos dois se elegeu.

Ex mandatário da capital fluminense, Cesar Maia também já foi alvo do agora companheiro de chapa Marcelo Freixo. Na época em que foi deputado estadual pelo PSOL e presidiu a CPI das Milícias, em 2008, Freixo responsabilizou Cesar Maia pelo aumento dos grupos criminosos. As críticas eram centradas em declarações do ex-prefeito que, na época, via as milícias como “mal menor”. Agora, o ex-prefeito diz que as críticas de Freixo estavam certas.

“Minhas referências foram em outra época. A dinâmica desse processo mostrou que Freixo tinha razão”, declarou. Questionado se não considera incompatível o alinhamento de um quadro do PSDB a um candidato associado à esquerda, Cesar Maia lembrou que foi secretário de Fazenda de Leonel Brizola nos anos 1980. Os dois, no entanto, romperam e Cesar Maia deixou o PDT para se filiar ao então PMDB, em 1991. Cesar Maia também rebateu as críticas recentes de adversários, como Rodrigo Neves, Felipe Santa Cruz e Paes de que o aceno de Freixo ao centro tem caráter eleitoreiro e que o candidato do PSB não tem experiência em cargos majoritários.

“Que experiência no executivo tinham FHC [Fernando Henrique Cardoso] ou Lula antes da presidência? Executivo é trabalho de equipe”, concluiu. Em mais um aceno ao eleitorado de centro, Freixo lançou ontem carta de compromisso com a população fluminense. Com o título de “Compromisso pelo Rio de Janeiro”, o documento faz parte da estratégia de atrair o eleitor moderado, alinhado ao campo da centro-direita.

O documento tem oito pontos principais, incluindo propostas para a segurança pública, prioridade máxima; transporte público, política habitacional, meio ambiente, educação e saúde, além de temas relevantes para o mercado, como a responsabilidade fiscal. No item que trata sobre a responsabilidade fiscal, o documento diz que é essencial observar o plano de recuperação fiscal do Estado.

O texto versa ainda sobre a revisão de políticas públicas e diz que serão feitas “com respeito aos contratos, à propriedade privada e aos direitos dos indivíduos e das empresas”. Já a estrutura administrativa do Estado será “revista com olhos na proteção e fortalecimento das instituições”. Freixo afirma que pretende explorar parcerias público-privadas, concessões e alienação de ativos. O documento contou com consultoria do economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC), que tem auxiliado Freixo no diálogo com empresários e o mercado financeiro. Arminio disse que a carta “marca posições importantes para o futuro do Estado do Rio”.

Valor Econômico