Crime político desmoraliza armamentismo de Bolsonaro
Foto: AFP
O assassinato de um militante do PT por um bolsonarista em Foz do Iguaçu (PR) no último sábado preocupa o núcleo de campanha à reeleição do presidente da República. A avaliação é que o caso atinge em cheio o discurso pró-armas de Jair Bolsonaro e reforça a imagem beligerante do titular do Palácio do Planalto, dificultando que ele consiga “furar a bolha” de seus apoiadores consolidados e conquiste votos de eleitores indecisos.
Para se blindar dos respingos do crime, Bolsonaro foi orientado a repudiar o assassinato ainda no domingo. A estratégia bolsonarista é lamentar o ocorrido, mas trazer à tona a facada sofrida pelo presidente na campanha de 2018. Também devem usar como argumento que manifestações de apoiadores de Bolsonaro são pacíficas, sem ocorrências de brigas e quebradeira, e atribuir às manifestações de esquerda episódios violência.
Ao publicar no Twitter, o presidente condenou o caso, mas culpou a imprensa por incitar a violência. A publicação foi considerada aquém do esperado por aliados. Coube ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador da campanha, ser mais contundente.
— É uma aberração. Um ato absurdo. A gente não concorda. Não precisamos ter Adélios do nosso lado e sou contra essa atitude. Vamos ganhar essa eleição no voto — disse Flávio à colunista Bela Megale, do GLOBO, fazendo uma referência a Adélio Bispo, que atingiu o então candidato a presidente com uma facada nas eleições de 2018.
A segurança do presidente é feita pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI). A pasta comandada pelo ministro Augusto Heleno informou que os procedimentos operacionais para a proteção do presidente serão adaptadas para a campanha eleitoral, mas informou que “não se manifesta sobre detalhes e procedimentos operacionais que envolvam a segurança do presidente e vice-presidente da República, bem como de seus familiares”.
Segundo interlocutores da campanha, a expectativa é que o GSI já determine alterações desde já, recomendando restrições em lugares públicos. A preocupação já existia mesmo antes do assassinato no Paraná.
Segundo interlocutores, o titular do Palácio do Planalto tem feito perguntas a cerca dos riscos nos locais por onde têm viajado pelo país. Apesar de às vezes demonstrar preocupação de ser atacado novamente, costuma não seguir à risca as recomendações de sua segurança pessoal, o que obriga o reforço na equipe que faz a proteção ao presidente. As sugestões para que cumpra agenda em locais restritos não são seguidas, e o chefe do Executivo costuma insistir no contato direto com apoiadores, a exemplo do que faz em motociatas e Marchas para Jesus.