Esquerda vence debate sobre urnas no Twitter
Foto: Reprodução
O discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL) a embaixadores em que atacou as urnas eletrônicas e o Poder Judiciário moveu o maior pico sobre o debate eleitoral no Twitter neste ano e causou uma reação massiva da oposição, que teve a grande maioria dos comentários contra a postura do chefe do Executivo em publicações nas redes sociais.
Um estudo da agência de análise de dados .MAP aponta que a mobilização de usuários identificados com a esquerda foi responsável por 73% das manifestações nas redes sociais ante 5,7% daqueles alinhados à direita. Mesmo o usuário considerado não militante condenou a ação do presidente em atacar o processo eleitoral brasileiro em cerca de 15% das publicações. Foram analisadas 1,4 milhão de publicações no Facebook e no Twitter ao longo da segunda-feira, 18.
Levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV-DAPP) mostra que o Twitter registrou mais de 81 mil menções ao longo da segunda-feira, número sete vezes maior que a média deste ano.
Para os especialistas responsáveis pela pesquisa, os dados mostram que grupos bolsonaristas, apesar de articulados, têm mais dificuldade para avançar em temas mais controversos. “Existem questões que são muito radicais (para se fazer uma defesa), como o caso de corrupção no MEC ou no assassinato (do guarda municipal Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu)”, diz a diretora da .MAP, Marília Stabile.
Para o coordenador de pesquisas na FGV-DAPP, Amaro Grassi, o objetivo do presidente foi alcançado. “Com a pauta das urnas em evidência, deixa de se falar em pautas negativas para ele, como a situação econômica. Toda vez que Bolsonaro consegue desviar para um outro tema, qualquer que seja, há aí uma vantagem”, afirma.
O resultado da pesquisa, avalia ele, por outro lado, mostra a capacidade da oposição em reagir. “Com a aproximação das eleições, a tendência é de que a aposição tenha maior capacidade de engajamento”, analisa Grassi. “As posições políticas vão escalar, e aumenta a preocupação sobre a violência, porque em breve a campanha irá às ruas e a oposição vai ter uma capacidade de mobilização maior do que que teve nos últimos anos.”