Janones e Lula se encontraram em segredo
Foto: Jorge Lopes/EM/D.A Press
O candidato à Presidência do Avante, deputado federal André Janones (MG), disse que encontrou-se recentemente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT e líder nas pesquisas de intenção de voto. Ele negou, contudo, que possa retirar sua candidatura, durante a entrevista para o programa “Central das Eleições”, da GloboNews, veiculado ontem.
“Eu me encontrei com o ex-presidente Lula a pedido dele. Mas não me foi feita nenhuma sinal no sentido de que alguma proposta minha fosse encampada pelo presidente Lula. Por isso não desisti [de ser candidato]. Não vi interesse de encampar a minha proposta”, afirmou.
O candidato disse que não chegou a haver discussão com o petista sobre a possibilidade de desistência da sua candidatura. “Ele disse que não teria moral para me pedir para desistir porque me vê tão teimoso quanto ele”, acrescentou.
Janones disse ainda que sua candidatura já tem apoio do Agir (ex-PTC), partido sem representação no Congresso Nacional e que amanhã outro partido deve anunciar adesão.
Ele afirmou ainda que já tem uma coordenadora de economia, mas não divulgou seu nome. Afirmou que é uma especialista em educação.
A falta de investimento em educação básica é o principal problema da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo Janones, que não economizou críticas ao governante ao longo de toda a entrevista.
O deputado federal considerou que a pandemia de covid-19 teve um efeito “catastrófico” na área de educação. “A disputa ficou mais desigual para quem não teve acesso, não teve condição de continuar com as aulas”, disse Janones.
Janones defendeu o Estado laico e disse que, embora seja evangélico, não tem bandeira religiosa como deputado federal. Usou o tema para voltar a bater no presidente. “Eu acho extremamente preocupante a mistura de questões religiosas com questões políticas. O homem público deve saber separar a pessoa física do cargo que ele representa”, afirmou.
Se dizendo evangélico, o candidato criticou a frequente associação feita por Bolsonaro com os evangélicos. “Não consigo ver relação entre a fé e esse ódio disseminado diariamente pelo presidente da República”, disse.
Para Janones, Bolsonaro “sequestrou para si a bandeira dos evangélicos”, mesmo não sendo um. O presidente também teria roubado para si a bandeira anti-corrupção, ainda que não tenha credenciais para isso, complementou o deputado.
O candidato do Avante também criticou o uso pelos bolsonaristas das redes sociais Segundo Janones, a “realidade paralela” criada pelo bolsonarismo foi responsável por várias votações no Congresso, porque parlamentares acreditavam que se tratava de opinião pública real.
A entrevista com Janones é a segunda de uma série, que já recebeu Simone Tebet (MDB) e terá, hoje, Ciro Gomes (PDT). Os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) não responderam ao convite da emissora.