Juízes e promotores repudiam ataque de Bolsonaro a urnas
Foto: Estadão
Após o presidente Jair Bolsonaro (PL) convocar embaixadores estrangeiros para levantar suspeitas já desmentidas sobre urnas eletrônicas, magistrados, advogados e promotores de justiça de todo o País começaram um movimento nas redes sociais em defesa do sistema eletrônico de votação e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), instituição cuja integridade é questionada com frequência pelo chefe do Executivo.
O gesto é considerado raro, já que não é de praxe da categoria ir a público se manifestar sobre política, especialmente no que diz respeito a juízes, procuradores e promotores. Um advogado consultado pelo Estadão afirmou que o movimento surgiu de forma espontânea e tem se espalhado desde o início da semana.
Os magistrados que se manifestaram disseram, em sua maioria, já ter presidido seções eleitorais ou atuado em tribunais regionais. As publicações seguem o mesmo padrão: os profissionais se apresentam, informam há quantos anos exercem a função e atestam a legitimidade do processo eleitoral, sendo que a maioria relata somente ter presenciado fraudes na época das cédulas de papel. Cabe ressaltar que as publicações não são identificadas por nenhuma hashtag, o que reforça a perspectiva da iniciativa individual.
Relator da Lei da Ficha Limpa, o jurista Márlon Reis foi às redes manifestar “total apoio” ao TSE e disse nunca ter conhecido “nenhum fator que descredibilize a urna eletrônica” em sua carreira de juiz eleitoral. O procurador da República Fernando Rocha, que afirma ter experiência de trabalho em eleições, disse jamais ter visto “procedimento judicial ou de investigação capaz de infirmar a lisura das urnas eletrônicas”. “A cada eleição o sistema é aprimorado e o cuidado com a segurança também”, publicou.
O advogado eleitoral Nile William, professor de Direito do Instituto Federal do Tocantins (IFTO), disse ao Estadão que a interpretação de que Bolsonaro tenha cometido possível crime de responsabilidade ao fazer propaganda negativa das urnas a embaixadores tem influenciado os posicionamentos.
“As urnas são auditáveis, a votação é verificada do começo com a emissão da zerésima ao fim, e totalmente off-line, o que impede qualquer tipo de intervenção externa. Votação em papel é o absurdo de atraso. O presidente cometeu mais um crime de responsabilidade e estimula o caos social como estratégia de sua sobrevivência política”, afirmou.
Sou magistrada há 29 anos. Presidi dezenas de eleições, em diversos municípios. As únicas experiências de fraude vieram das urnas de papel.
A excelência do serviço, da lisura e da tecnologia do @TSEjusbr são motivos de orgulho. E garantia da liberdade de escolha e da democracia.— Andréa Pachá (@AndreaMPacha) July 19, 2022
Sou magistrado há mais de 30 anos. Presidi eleições com cédulas de papel e com a urna eletrônica. E asseguro que não há comparação em termos de segurança. Assim, a meu ver, só há dois tipos de pessoas que atacam à urnas eletrônicas: os incautos e os que agem de má-fé.
— Gervásio Santos Jr (@gervasiojr) July 19, 2022
Sou advogado, atuo em eleições e participo do sistema OAB há 19 anos, lidando diariamente com inúmeros colegas advogados. Nunca ouvi falar de qualquer suspeita sobre as urnas eletrônicas. O sistema eleitoral brasileiro é muito bom, confiável e ágil.
— Roberto Diniz (@RobertoDinizAdv) July 20, 2022
Fui promotor por quase 4 anos e sou procurador da República há 15. Trabalhei em várias eleições e jamais vi procedimento judicial ou de investigação capaz de infirmar a lisura das urnas eletrônicas. A cada eleição o sistema é aprimorado e o cuidado com a segurança também.
— Fernando Rocha (@fernandorocha26) July 20, 2022
Atuei, por dois anos, como Procurador Regional da República em auxílio e como membro auxiliar da Procuradora-Geral Eleitoral em 2018. Acompanhamos, na época, a análise de TODAS as alegações de fraude nas urnas em TODOS os Estados. Resultado: as auditorias afastaram todas elas https://t.co/BHP2REtOaV
— João Paulo Lordelo (@joaolordelo) July 19, 2022
Sou advogado eleitoralista, fui juiz eleitoral por muitos anos e juiz auxiliar da presidência do TSE. Ministrei a disciplina de Direito Eleitoral Digital na UERJ e ITS. Jamais soube de nenhum fator que descredibilize a urna eletrônica. Total apoio ao @TSEjusbr.
— Márlon Reis (@marlonreis) July 19, 2022