Maioria diz que ‘bondade’ de Bolsonaro não dará votos

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Foto: Luis Alvarenga/Getty Images

Sete em cada dez eleitores apoiam a iniciativa do governo e do Congresso de aumentar para R$ 600 por mês, até dezembro, a ajuda financeira às famílias pobres.

Porém, seis em cada dez julgam que a ampliação do socorro estatal às vésperas das eleições terá pouca (11%) ou nenhuma (50%) influência na decisão de voto.

É o que mostra pesquisa divulgada ontem pelo Instituto FSB, feita por encomenda do banco BTG, a partir de duas mil entrevistas telefônicas realizadas entre sexta-feira e domingo. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

A percepção é de decisão oportuna mas com prazo de validade. Por ter sido condicionada às eleições, provoca desconfiança, o que tende a limitar os ganhos de quem seria o principal beneficiário político, o candidato à reeleição Jair Bolsonaro.

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Aparentemente, ele entendeu o recado, traduzido nos resultados de outras pesquisas recebidas no Palácio do Planalto durante a semana passada. Na convenção do Partido Liberal, no domingo, se preocupou em dar ênfase à promessa de preservar o auxílio de R$ 600 mensais durante o próximo ano.

Foi o primeiro, e até agora único, compromisso assumido publicamente pelo candidato sobre o próximo mandato, caso seja reeleito.

Na essência, Bolsonaro demonstrou que, mesmo depois de 43 meses de governo, ainda não conseguiu organizar uma política social. Com certeza, não foi por escassez de motivos nesse período marcado pela estagnação econômica, pandemia, desemprego, inflação e queda abrupta na renda dos brasileiros.

É notória a aversão do candidato às ações estatais de assistência aos mais pobres. Quando era deputado federal, Bolsonaro costumava se referir como desdém aos programas sociais.

Num exemplo, chamava o Bolsa Família de “Bolsa Farinha”. Substituiu-o pelo Auxílio Brasil e, numa ironia da história, no domingo exaltou o investimento “15 vezes maior” em transferências de renda aos pobres do que o PT do adversário Lula conseguiu fazer durante três governos.

Já é da tradição política brasileira: vidas na pobreza importam em ano eleitoral. Tem sido assim nas últimas quatro décadas, informa o núcleo da Fundação Getulio Vargas especializado em pesquisas sociais.

Desde 1982, governo e Congresso usam os programas sociais como canal de transferência temporária de renda para a maioria pobre do eleitorado. Nos ciclos eleitorais o volume de subsídios estatais aumenta cerca de 22%, segunda a FGV Social.

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Mudou apenas o método de ação. Até 1994, os governos lidavam com a alta inflação em períodos eleitorais lançando planos de estabilização econômica, para obter ondas expansionistas do consumo. A partir do advento do Plano Real, a opção preferencial tem sido pelos programas de transferência direta de renda.

Sendo justificáveis na emergência econômica, agravada pelos efeitos de um biênio de crise sanitária, os paliativos sociais confirmam a continuidade da intransigência do governo e do Congresso em avançar na direção de mudanças estruturais, que resultem em melhoria efetiva na distribuição de renda.

Uma boa notícia para o governo, captada na pesquisa FSB, é a previsão dos eleitores sobre a queda no ritmo da inflação nos próximos três meses. A taxa de pessimismo caiu muito nas últimas quatro semanas.

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