Partido de Bolsonaro tenta se desvincular de… Bolsonaro
Foto: Mateus Bonomi/Anadolu Agency/Getty Images
Jair Bolsonaro deveria testar o engajamento do Partido Liberal na sua campanha de descrédito das instituições e do sistema de votação eletrônica.
Talvez se decepcione, mas terá uma chance durante a convenção do PL para confirmá-lo como candidato à reeleição, prevista para próximo domingo, no Rio.
O partido de Valdemar Costa Neto abrigou Bolsonaro, partilha caixa e cargos no governo, mas até agora fez questão de se exibir publicamente equidistante do candidato e, principalmente, de sua plataforma extremista.
No PL impera o pragmatismo. A prioridade não é eleger Bolsonaro, mas aumentar as bancadas legislativas. Na Câmara já possui a maior representação, com 78 deputados — o bolsonarismo é menos de um terço. No Senado possui 9 cadeiras e planeja chegar a 11 senadores.
As campanhas do partido e de seu candidato presidencial correm em órbitas paralelas, com rarefeita interação política, sem compromissos além de acordos financeiros e montagem de chapas em alguns Estados. No PL, há quem entenda que Bolsonaro está virando um candidato radioativo. Procuram Costa Neto, e ele desconversa.
A convenção de domingo é oportunidade para Bolsonaro verificar a efetividade da sua tática de campanha baseada numa retórica bélica, com toques de nostalgia do golpismo dos anos 1960.
O teste com o público externo, os diplomatas estrangeiros, deu errado. Ontem, por exemplo, o governo Joe Biden divulgou nota exaltando a credibilidade do processo eleitoral (oito referências), do regime democrático (quatro) e das instituições nacionais (três). E ressaltou: “As eleições brasileiras conduzidas e testadas ao longo do tempo pelo sistema eleitoral e instituições democráticas servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo”.